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Jobim "venderá" conselho de defesa nos EUA
Ministro chega na terça a Washington para promover projeto do presidente Lula de orgão coordenado sul-americano
Ele se reúne com colega
da Defesa e com Rice; estratégia é ter simpatia de Washington à proposta e participação de Caracas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, chega a Washington na terça para uma visita de quatro dias. Um dos objetivos é reforçar junto ao governo Bush a necessidade da criação de um conselho de segurança da América do Sul e obter
apoio à iniciativa. O brasileiro
será recebido por seu colega
norte-americano, o secretário
da Defesa Robert Gates, e pela
secretária de Estado, Condoleezza Rice.
Em 14 de abril, Jobim deve
visitar Caracas, onde fará o
mesmo com o venezuelano Hugo Chávez. Ambas as viagens
acontecem como parte do plano do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de criação do Conselho Regional de Defesa, proposto por ele no dia 4 de março
último, após a crise gerada pela
operação militar colombiana
no Equador.
Agora, Jobim testará as águas
no Pentágono -os EUA não fariam parte do conselho, mas o
fato de não oferecerem oposição a ele ajudaria o Brasil a ganhar a simpatia de aliados do
país, como a Colômbia. Para
tanto, o ministro da Defesa falará não só com Gates e Rice,
mas também fará palestras à
comunidade de defesa local.
Então, fará o mesmo com
Hugo Chávez. Com o apoio dos
dois principais antagonistas do
continente, o Itamaraty crê que
a aceitação da idéia pelos demais países será mais fácil.
Jobim afirmou ontem, no
Rio de Janeiro, já ter conversado preliminarmente com os
ministros da Argentina e do
Chile sobre o conselho. Rejeitou o rótulo de "Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) do Sul": "Queremos a
formação de um grande plano
de defesa coincidente, para o
continente".
Sobre as declarações de Rice
de que os países devem cuidar
de suas fronteiras de modo a
evitar que escondam terroristas, Jobim disse que o Brasil
"não tem problemas de fronteira". "Nossa grande fronteira é a
Amazônia, que está toda monitorada", afirmou.
Sondagem com Rice
Lula tocou no tema em reunião com Rice na quinta-feira,
em Brasília. Para ele, o Brasil
poderia ser o representante de
tal mecanismo junto ao Conselho de Segurança da ONU.
Se a criação da nova entidade
contou com a simpatia da chefe
da diplomacia americana, a representação na ONU não teve a
mesma receptividade. À imprensa ela diria que não vê problemas na criação do conselho
e que estava contando com a liderança brasileira.
Mas defendeu a Organização
dos Estados Americanos (OEA)
como um fórum natural para
esse tipo de discussões. "Obviamente, a OEA é um meio hemisférico de coordenação", disse, referindo-se ao organismo
regional com forte influência
dos EUA. O país banca cerca de
60% do orçamento da entidade, com sede em Washington.
O Brasil joga com o temor
nos EUA do que o país chama
de corrida armamentista venezuelana na América do Sul. A
preocupação foi o assunto principal do depoimento do comandante-em-chefe do Comando
Sul (Southcom, na sigla em inglês) ao comitê das Forças Armadas da Câmara dos Representantes, na quinta-feira.
Depois de afirmar que a resolução pacífica do conflito entre
Colômbia e Equador foi "encorajadora", o responsável do
Pentágono pela região diria ter
"dificuldade em entender" por
que o atual nível de armamento
é necessário para a Venezuela.
"Porque, como vimos, essa é
uma região não-inclinada a ir à
guerra, mas com capacidade de
resolver pacificamente seus
problemas", disse o almirante
James Stavridis.
Coloborou a Sucursal do Rio
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