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Hillary se diz "insultada" por anúncio de aliado sobre construção
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Novas declarações de críticas
e desculpas de, respectivamente, EUA e Israel durante o dia
de ontem mostraram que continua a se aprofundar o atrito
entre os dois países causado pelo anúncio israelense de que serão construídas mais 1.600 casas em Jerusalém Oriental. O
anúncio ocorreu na terça passada, durante visita do vice-presidente Joe Biden ao país.
Biden imediatamente condenou o anúncio. Três dias depois, a secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, teve uma
conversa telefônica de 43 minutos com o premiê israelense,
Binyamin Netanyahu, e se disse "insultada" pela ação.
Ontem, em suas primeiras
declarações sobre o assunto,
Netanyahu concordou que o
"timing" foi infeliz, mas não
deu sinais de que a construção
será cancelada. "Tivemos um
incidente lamentável, [mas]
que ocorreu de forma inocente.
Foi prejudicial e não devia ter
acontecido", disse. O premiê
afirmou ainda que destacou
uma equipe para investigar o
processo que levou ao anúncio.
As desculpas não pareceram
suficientes. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o
protesto americano se deveu
não apenas ao momento, mas
principalmente ao conteúdo do
anúncio, considerado "um sinal profundamente negativo
sobre a abordagem de Israel à
relação bilateral".
Na sexta, Hillary dissera não
entender a ação, sobretudo à
luz do compromisso dos EUA
com a segurança de Israel, que
é o maior recipiente de ajuda
militar americana no mundo.
A Casa Branca manteve no
domingo uma ofensiva midiática de apoio a Biden e de Hillary.
O porta-voz da Presidência,
Robert Gibbs, afirmou ao canal
Fox que "esse não foi um momento brilhante do governo israelense". Já David Axelrod, assessor especial da Casa Branca,
reiterou à NBC que as ações israelenses foram uma "afronta"
e um "insulto".
E enquanto analistas conservadores, como William Kristol,
afirmaram que o governo americano está transformando um
episódio simples em foco de
tensão, outros avaliam que a
Casa Branca foi muito contida.
Até o comentarista Thomas
Friedman, em geral pró-Israel,
escreveu no "New York Times"
que Biden deveria ter imediatamente deixado Israel e enviado
o seguinte recado ao governo:
"Você pensa que pode envergonhar seu único aliado verdadeiro no mundo para satisfazer alguma pressão doméstica e não
enfrentar consequências? Você
perdeu totalmente o contato
com a realidade".
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