São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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Hillary se diz "insultada" por anúncio de aliado sobre construção

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Novas declarações de críticas e desculpas de, respectivamente, EUA e Israel durante o dia de ontem mostraram que continua a se aprofundar o atrito entre os dois países causado pelo anúncio israelense de que serão construídas mais 1.600 casas em Jerusalém Oriental. O anúncio ocorreu na terça passada, durante visita do vice-presidente Joe Biden ao país.
Biden imediatamente condenou o anúncio. Três dias depois, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, teve uma conversa telefônica de 43 minutos com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e se disse "insultada" pela ação.
Ontem, em suas primeiras declarações sobre o assunto, Netanyahu concordou que o "timing" foi infeliz, mas não deu sinais de que a construção será cancelada. "Tivemos um incidente lamentável, [mas] que ocorreu de forma inocente. Foi prejudicial e não devia ter acontecido", disse. O premiê afirmou ainda que destacou uma equipe para investigar o processo que levou ao anúncio.
As desculpas não pareceram suficientes. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o protesto americano se deveu não apenas ao momento, mas principalmente ao conteúdo do anúncio, considerado "um sinal profundamente negativo sobre a abordagem de Israel à relação bilateral".
Na sexta, Hillary dissera não entender a ação, sobretudo à luz do compromisso dos EUA com a segurança de Israel, que é o maior recipiente de ajuda militar americana no mundo.
A Casa Branca manteve no domingo uma ofensiva midiática de apoio a Biden e de Hillary. O porta-voz da Presidência, Robert Gibbs, afirmou ao canal Fox que "esse não foi um momento brilhante do governo israelense". Já David Axelrod, assessor especial da Casa Branca, reiterou à NBC que as ações israelenses foram uma "afronta" e um "insulto".
E enquanto analistas conservadores, como William Kristol, afirmaram que o governo americano está transformando um episódio simples em foco de tensão, outros avaliam que a Casa Branca foi muito contida.
Até o comentarista Thomas Friedman, em geral pró-Israel, escreveu no "New York Times" que Biden deveria ter imediatamente deixado Israel e enviado o seguinte recado ao governo: "Você pensa que pode envergonhar seu único aliado verdadeiro no mundo para satisfazer alguma pressão doméstica e não enfrentar consequências? Você perdeu totalmente o contato com a realidade".


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