São Paulo, terça-feira, 15 de março de 2011

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Países da Europa suspendem o uso de energia nuclear

Alemanha fecha 2 usinas antigas, e Suíça susta novas licenças; pressão de ambientalistas aumenta nos EUA

Decisões, que refletem o que aconteceu no Japão, vão na contramão da tendência de expansão das usinas no mundo

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Os acidentes nas usinas do Japão reacenderam em vários países o debate sobre o uso da energia nuclear, com protestos, pressões de ambientalistas e ameaças de freio à expansão do seu uso.
Na Alemanha, a chanceler (premiê) Angela Merkel decidiu fechar temporariamente as duas usinas mais antigas e reestudar a lei que prorroga a operação das outras 15.
No ano passado, a mesma Merkel havia aprovado uma sobrevida de em média 12 anos para as usinas, cujo fechamento fora fixado pela gestão anterior para 2021.
A decisão tem motivação eleitoral: em duas semanas, o Estado de Baden-Württemberg, onde 60 mil saíram às ruas no sábado contra o uso de energia nuclear, vai às urnas. O partido de Merkel governa a região desde 1953, mas corre risco de perdê-la.
Na Suíça, o governo decidiu suspender todas as licenças para a construção de novas instalações. Na França, campeão da Europa em número de reatores (58), o Partido Verde pediu referendo para discutir a dependência do país da energia nuclear.
A Áustria, que não usa energia atômica, quer que a União Europeia faça teste de segurança em todos os reatores do continente, presentes em 14 dos 27 países do bloco.
Os ministros do ambiente da Europa, que já tinham reunião agendada para hoje, prometem discutir o assunto. A questão é como suprir de energia um mundo cada vez mais carente dela.
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) trabalha com a expectativa de que em 2030 possa haver até 54 países fazendo uso de energia nuclear; hoje são 29.
Esses novos sócios do clube atômico ficam principalmente na Ásia e na África, mas também no Oriente Médio e na América Latina.

PRESSÃO NOS EUA
Nos EUA, onde a energia nuclear é vista como alternativa de consenso e uma das bases da política energética do presidente Barack Obama, já começou a pressão de grupos ambientalistas.
Para analistas, o Congresso poderá sustar o investimento previsto para o setor nuclear até que haja revisão cuidadosa da segurança das operações já existentes.
O senador Joe Lieberman (independente, mas que vota com os democratas), entre outros, pediu um congelamento no licenciamento de novas usinas por enquanto.
A Casa Branca não endossou a sugestão, e o porta-voz Jay Carney afirmou que a fonte nuclear "continua a ser parte do plano energético".
Os EUA são o maior fornecedor mundial de energia nuclear comercial. Suas 104 usinas respondem por quase 20% do consumo de eletricidade do país (dado de 2008).
Para Obama, a energia nuclear é parte do projeto de substituição de fontes de energias fósseis, para diminuir a dependência dos EUA em petróleo e ajudar a lidar com a mudança climática.
Em 2010, ele anunciou mais de US$ 8 bilhões em garantias federais a empréstimos para a construção da primeira usina nuclear nos EUA em quase 30 anos. E prometeu que seria só o começo.


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