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DIREITOS HUMANOS
Argentina também se absterá de condenar a ilha na ONU hoje; Chile vê paralelo com Pinochet e apoiará crítica
Brasil não vê repressão em Cuba, diz assessor de Lula
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
A Comissão de Direitos Humanos da ONU deve votar hoje, em
Genebra, mais uma resolução
com críticas à ditadura cubana.
De novo, a questão divide os países latino-americanos. E, outra
vez, o Brasil se absterá -o atual
governo alega que não há repressão em Cuba.
O texto da resolução, apresentado por Honduras, pede a Havana
que permita a entrada da magistrada francesa Christine Chanet,
indicada pelo Alto Comissariado
da ONU para Direitos Humanos
para investigar a recente onda de
repressão política na ilha. No ano
passado, ela teve sua entrada proibida pelo governo cubano.
O documento, que ganhou o
respaldo do Peru, da Guatemala e
da Costa Rica, também lamenta
"as condenações de dissidentes
políticos e jornalistas" ocorridas
desde março do ano passado.
A proposta hondurenha se baseia no relato de Chanet que, mesmo sem ter visitado a ilha, apresentou em fevereiro um duro relatório contra Cuba. Para ela, há
uma "onda de repressão sem precedentes" no país, em referência
aos 75 dissidentes políticos e jornalistas presos desde março do
ano passado e condenados a até
28 anos de prisão.
"Eu reuni informações de
ONGs e de relatores especiais da
ONU. O governo cubano não negou os fatos, mas disse que os 75
detidos são "mercenários'", disse
Chanet em entrevista à Folha.
Cuba acusa o grupo preso de
tentar desestabilizar o regime do
ditador Fidel Castro com o apoio
do governo norte-americano e diz
que Honduras está servindo aos
interesses de Washington.
Segundo Chanet, "a situação
dos homens e mulheres encarcerados é muito preocupante, por
razões de saúde". Ela disse, porém, que não há casos de tortura
ou de desaparecidos e que "alguma melhoria deve ser notada no
campo da liberdade religiosa".
Racha
Ontem, a um dia da votação, a
posição dos 11 países latino-americanos (que fazem parte de um
total de 53 Estados da comissão)
mostra que a região segue dividida. As discussões podem adiar a
decisão para amanhã.
Em entrevista à Folha, Marco
Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
disse que o Brasil novamente se
absterá e que não reconhece uma
onda repressiva na ilha: "Cuba
tem condenações feitas em tribunais, você pode dizer que as condenações são severas, não são severas, mas isso é outra coisa".
Além do Brasil, o Paraguai e a
Argentina também deverão se
abster. No início do ano, o governo americano criticou o governo
de Néstor Kirchner por sua aproximação com Cuba.
O presidente paraguaio, Nicanor Duarte, adiantou sua posição
após ter conversado sobre o assunto, por telefone, com o presidente norte-americano, George
W. Bush. "Ele me agradeceu pela
sinceridade", disse Duarte.
Já a chanceler chilena, Soledad
Alvear, anunciou ontem que
apoiará a resolução criticando
Cuba -apesar da oposição do
Partido Socialista, ao qual pertence o presidente Ricardo Lagos.
Segundo Alvear, a decisão é coerente com a posição assumida pela Comissão de Direitos Humanos durante as violações aos direitos humanos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-90).
Ontem à noite, o México sinalizou que apoiará a resolução.
Com agências internacionais
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