São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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ÁFRICA

Chade rompe com o Sudão após ataque

DA REDAÇÃO

O Chade rompeu ontem relações diplomáticas com o vizinho Sudão, a quem acusa de tentar derrubar seu governo, e ameaçou expulsar 200 mil refugiados sudaneses que estão no país. O azedamento das relações entre os países ocorreu um dia depois de um ataque de rebeldes na capital, N'djamena, ter sido rechaçado pelo Exército chadiano.
Numa demonstração de força, o governo promoveu ontem uma parada militar na capital, exibindo 160 rebeldes presos. Muitos pareciam ser menores de idade.
Durante a parada, o presidente chadiano, Idriss Deby, voltou a acusar o governo sudanês de estar por trás da tentativa de golpe, apoiando ataques rebeldes na fronteira. Segundo ele, seu país é vítima do conflito em Darfur, no Sudão, que levou mais de 200 mil refugiados a cruzar a fronteira.
"Tomamos a decisão de romper nossas relações diplomáticas com o Sudão hoje [ontem] e de começar a fechar as fronteiras", disse Deby. O Sudão respondeu anunciando que expulsaria o embaixador chadiano do país. Deby deu até o fim de junho de prazo para que a comunidade internacional resolva o conflito em Darfur ou ache "outro país" para abrigar os refugiados.
Chade e Sudão têm uma fronteira longa e porosa, que se tornou crescentemente violenta nos últimos tempos devido ao conflito travado na região sudanesa de Darfur (oeste), que já dura três anos. Rebeldes sudaneses que lutam contra seu governo buscam refúgio no lado chadiano da fronteira, enquanto rebeldes do Chade que tentam derrubar Deby usam o Sudão como base.
Horas depois do discurso de Deby, A Repúbica Centro-Africana, localizada ao sul de Chade e Sudão, expressou solidariedade com o governo de Deby, anunciando o fechamento de suas fronteiras com o Sudão. "Condenamos a agressão contra o Chade, disse o chanceler centro-africano, Jean Paul Ngoupande.
O governo sudanês negou a acusação. "O Sudão não está envolvido nesse assunto chadiano. O que eles têm é uma rebelião", disse o porta-voz da Chancelaria sudanesa, Jamal Ibrahim.
O ataque de quinta-feira foi o mais ousado até agora cometido pelos rebeldes, que tentam acabar com os 16 anos de poder de Deby e impedir a eleição presidencial marcada para 3 de maio, na qual o mandatário está cotado para ser reeleito. "Não há rebelião contra o Chade. É o governo sudanês que está desestabilizando o país", disse Deby.


Com agências internacionais


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