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EUA cogitam aceitar atividade nuclear do Irã
Proposta em discussão com europeus põe fim à exigência americana de que Teerã deixe de enriquecer urânio antes de começar diálogo
Medida visa atrair governo iraniano às negociações e rompe com política de Bush, considerada fracassada e "ridícula" por chefe da AIEA
DAVID E. SANGER
DO "NEW YORK TIMES"
O governo Obama e aliados
europeus preparam propostas
ao Irã que derrubam a exigência dos EUA para que Teerã feche suas instalações nucleares
no início das negociações sobre
seu programa atômico, dizem
autoridades ligadas ao debate.
A oferta -uma ruptura em
relação ao governo Bush-
pressionaria o Irã a abrir suas
instalações nucleares gradativamente a inspeções. Mas também permitiria ao país manter
seu programa por um período.
As propostas na mesa vão
além da promessa do presidente Barack Obama durante a
campanha eleitoral de abrir negociações com o Irã "sem condições prévias". Autoridades
envolvidas na discussão disseram que a oferta visa atrair o
Irã para conversações nucleares que Teerã vem rejeitando.
Uma revisão da política para
o país ordenada por Obama
ainda está em curso, e assessores do presidente dizem que
não está claro por quanto tempo ele estaria disposto a permitir ao Irã produzir combustível.
Mas, segundo autoridades europeias, em conversações com
Obama e seus assessores concluiu-se que o Irã não aceitará o
tipo de fechamento imediato
de usinas que Bush exigia.
O objetivo final continua
sendo, porém, o fim do enriquecimento de urânio pelo Irã,
como preveem resoluções da
ONU, declarou um representante de Washington.
Mohamed El Baradei, diretor-geral da AIEA (agência atômica da ONU), cujos inspetores
teriam papel-chave no processo, disse que os EUA não o consultaram sobre a tática. Mas
fustigou a política de Bush.
"Foi uma abordagem ridícula. Eles pensavam que, se ameaçassem o suficiente, se enviassem [o ex-vice-presidente
Dick] Cheney para agir como
Darth Vader, os iranianos parariam", disse. "Se a meta era garantir que o Irã não teria conhecimento nem capacidade
para produzir combustível nuclear, houve um fracasso total."
Agora, afirmou, Obama não
tem escolha senão aceitar que o
Irã "já construiu 5.500 centrífugas", quase o suficiente para
produzir urânio o bastante para fabricar duas bombas ao ano.
El Baradei argumenta que se
deve deixar o Irã levar adiante
uma capacidade pequena de
enriquecer combustível nuclear, sob inspeção estreita, o
suficiente para que Teerã não
se sinta humilhada.
Em contraste, um funcionário do governo israelense afirmou que Obama tem até o fim
deste ano para encerrar a produção de urânio no Irã. Depois
desse ponto, disse, Israel pode
reativar seu esforço para eliminar a usina de Natanz à força.
Tradução de CLARA ALLAIN
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