São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Mortos em tremor na China passam de 500

Sismo de magnitude 6,9, que abalou a Província de Qinghai, no noroeste do país, deixou ainda cerca de 10 mil feridos

Como no terremoto que devastou a Província de Sichuan há dois anos, escolas parecem ter sido as construções mais atingidas


Ren Xiaogang/Xinhua/Associated Press
Chineses caminham entre ruínas de prédios destruídos por terremoto em Yushu, cidade mais afetada pelo terremoto -85% das casas do local foram destruídas

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Ao menos 589 pessoas morreram e outras 10 mil ficaram feridas após o forte terremoto de anteontem na Província chinesa de Qinghai (noroeste), vizinha à região do Tibete. Cerca de 5.000 homens, incluindo soldados e médicos, foram enviados à região para atuar nos trabalhos de resgate.
O tremor ocorreu às 7h49 locais de ontem (20h49 de terça-feira em Brasília) e teve magnitude 6,9. Foram registradas cinco réplicas de intensidade menor. A região, montanhosa, é relativamente despovoada.
A cidade mais afetada é Yushu, que teve 85% das casas destruídas, segundo a agência de notícias oficial Xinhua. Cerca de 100 mil pessoas vivem na região; o número de desabrigados ainda é incerto.
Foram registrados vários danos à infraestrutura, como pontes e estradas. Uma represa teria rachado, mas até o fechamento desta edição não havia informações sobre o impacto do eventual vazamento de água.
"A nossa principal prioridade é salvar estudantes. As escolas são sempre lugares que concentram muitas pessoas", disse à agência Xinhua Kang Zifu, oficial do Exército que participa das operações. Cerca de 70% dos estabelecimentos de ensino desabaram, segundo dados preliminares.
O último grande terremoto na China havia ocorrido em maio de 2008, deixando cerca de 90 mil mortos na Província de Sichuan. Na época, o governo chinês foi duramente criticado justamente pelo fato de as escolas terem desabado em proporção maior do que outras repartições públicas, o que demonstrava fragilidade nas construções.
Ontem, a descrição que vinha do local do tremor era terrível. "Posso ver pessoas feridas em todos os lugares. O maior problema agora é que não temos tendas, não temos equipamento médico, remédios e funcionários de saúde", disse o funcionário público Zhuo Huaxia à Xinhua. ""As ruas estão tomadas por pessoas em pânico e machucadas, muitas sangrando pela cabeça."
Um dos principais desafios para as equipes de resgate é proteger a população do frio constante -a região está a cerca de 4.000 metros do nível do mar. Na primeira noite após o terremoto, os termômetros registraram até -3C.
Além do envio de pessoal, Pequim anunciou fundo de US$ 29,3 milhões para financiar a ajuda às vítimas. Apesar do desastre, o presidente Hu Jintao não cancelou a viagem à América Latina -hoje, deve passar o dia em Brasília, onde participará de uma cúpula dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).
Reações
Em nota, o secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, disse que a entidade dará assistência à China caso o país solicite. Em tom semelhante, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, enviou condolências às famílias das vítimas e ofereceu ajuda ao governo de Pequim. Por meio do nota do Itamaraty, o governo brasileiro enviou "solidariedade às famílias das vítimas" e manifestou "seu sentido pesar ao governo e ao povo chineses".

Veja galeria de fotos do terremoto

www.folha.com.br/101048



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