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Britânicos se enfrentam em debate inédito
Postulantes ao governo do Reino Unido pelos próximos cinco anos discutem política doméstica ao vivo na TV nesta tarde
Dificuldade em se chegar a um acordo sobre as regras
é um dos motivos citados por analistas para o fato de nunca ter havido debates
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Gordon Brown, David Cameron e Nick Clegg, os três candidatos a governar o Reino Unido
pelos próximos cinco anos, se
enfrentam nesta noite em um
inédito debate na TV britânica,
que deve acirrar o que a mídia
local chama de a eleição mais
importante em 13 anos.
Pela primeira vez também,
tuiteiros comentarão em tempo real as respostas do premiê
trabalhista, de seu adversário
conservador e do azarão liberal
democrata. Não deixa de ser
uma emulação da campanha
americana e uma tentativa de
controlar o resultado do debate
ecoando a vitória de seu candidato preferido.
O confronto da noite de hoje
é o primeiro de três e será
transmitido pela rede ITV, às
16h30 (horário de Brasília). O
tema será política doméstica.
O próximo, dia 22, é na Sky
News, de Rupert Murdoch,
quando os candidatos discutirão política externa. No dia 29,
uma semana antes da eleição,
os eleitores poderão assistir pela emissora BBC um debate sobre a economia -o ponto mais
importante desta eleição, usado por Brown como bandeira
para continuar no cargo após os
indicadores mais recentes
mostrarem que a recuperação
britânica é uma das mais sustentáveis da Europa.
Foi esse desempenho recente que levou Brown a se aproximar de Cameron -que passou
meses com dois dígitos de vantagem- nas pesquisas. Agora é
de 3 a 9 pontos (conforme a
pesquisa) a diferença conservadora sobre os trabalhistas (o
povo elege a sigla para o Parlamento, e os parlamentares costumam apontar o líder da
maior bancada como premiê).
Cada debate terá de 85 a 90
minutos, sem comerciais, e
ocorrerá em um lugar diferente
do país, com base em um conjunto de regras interminável
-após meses de discussão, ainda na noite de ontem os partidos negociavam detalhes finais
e assentos na plateia.
Diferentemente do que ocorre nos EUA (onde o formato é
consagrado há décadas) ou no
Brasil (onde vigora desde a eleição de 1989), a dificuldade em
se chegar a um acordo sobre as
regras é um dos motivos citados pelos analistas na mídia
britânica como razão para nunca ter havido um debate eleitoral no Reino Unido antes.
Os britânicos, aliás, queriam
um confronto menos engessado que o americano (que é um
pouco mais restrito que o brasileiro no que tange a limite de
tempo e perguntas).
Portanto, haverá mediadores, mas os temas centrais serão abordados só na primeira
metade do debate, deixando a
segunda para perguntas da plateia e de internautas, selecionadas pela produção. Além disso,
depois de um minuto de resposta e um de réplica, haverá
até quatro de livre confronto.
Cameron, dono de mais carisma e melhor retórica que
Brown, deve ser o mais favorecido pelo debate. Pesquisa do
Populus/Times indica que 42%
dos entrevistados esperam que
ele vença o confronto, e 22%
apostam em Brown.
Clegg, na casa dos 20 pontos
nas sondagens, tem ido bem em
seus últimos pronunciamentos, mas o evento deve lhe servir mais como plataforma para
se lançar ao público amplo.
Leia entrevista com
James Panton, professor
de política da
Universidade de Oxford
www.folha.com.br/1010420
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