São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Britânicos se enfrentam em debate inédito

Postulantes ao governo do Reino Unido pelos próximos cinco anos discutem política doméstica ao vivo na TV nesta tarde

Dificuldade em se chegar a um acordo sobre as regras é um dos motivos citados por analistas para o fato de nunca ter havido debates


LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Gordon Brown, David Cameron e Nick Clegg, os três candidatos a governar o Reino Unido pelos próximos cinco anos, se enfrentam nesta noite em um inédito debate na TV britânica, que deve acirrar o que a mídia local chama de a eleição mais importante em 13 anos.
Pela primeira vez também, tuiteiros comentarão em tempo real as respostas do premiê trabalhista, de seu adversário conservador e do azarão liberal democrata. Não deixa de ser uma emulação da campanha americana e uma tentativa de controlar o resultado do debate ecoando a vitória de seu candidato preferido.
O confronto da noite de hoje é o primeiro de três e será transmitido pela rede ITV, às 16h30 (horário de Brasília). O tema será política doméstica. O próximo, dia 22, é na Sky News, de Rupert Murdoch, quando os candidatos discutirão política externa. No dia 29, uma semana antes da eleição, os eleitores poderão assistir pela emissora BBC um debate sobre a economia -o ponto mais importante desta eleição, usado por Brown como bandeira para continuar no cargo após os indicadores mais recentes mostrarem que a recuperação britânica é uma das mais sustentáveis da Europa.
Foi esse desempenho recente que levou Brown a se aproximar de Cameron -que passou meses com dois dígitos de vantagem- nas pesquisas. Agora é de 3 a 9 pontos (conforme a pesquisa) a diferença conservadora sobre os trabalhistas (o povo elege a sigla para o Parlamento, e os parlamentares costumam apontar o líder da maior bancada como premiê).
Cada debate terá de 85 a 90 minutos, sem comerciais, e ocorrerá em um lugar diferente do país, com base em um conjunto de regras interminável -após meses de discussão, ainda na noite de ontem os partidos negociavam detalhes finais e assentos na plateia.
Diferentemente do que ocorre nos EUA (onde o formato é consagrado há décadas) ou no Brasil (onde vigora desde a eleição de 1989), a dificuldade em se chegar a um acordo sobre as regras é um dos motivos citados pelos analistas na mídia britânica como razão para nunca ter havido um debate eleitoral no Reino Unido antes. Os britânicos, aliás, queriam um confronto menos engessado que o americano (que é um pouco mais restrito que o brasileiro no que tange a limite de tempo e perguntas).
Portanto, haverá mediadores, mas os temas centrais serão abordados só na primeira metade do debate, deixando a segunda para perguntas da plateia e de internautas, selecionadas pela produção. Além disso, depois de um minuto de resposta e um de réplica, haverá até quatro de livre confronto. Cameron, dono de mais carisma e melhor retórica que Brown, deve ser o mais favorecido pelo debate. Pesquisa do Populus/Times indica que 42% dos entrevistados esperam que ele vença o confronto, e 22% apostam em Brown.
Clegg, na casa dos 20 pontos nas sondagens, tem ido bem em seus últimos pronunciamentos, mas o evento deve lhe servir mais como plataforma para se lançar ao público amplo.

Leia entrevista com James Panton, professor de política da Universidade de Oxford

www.folha.com.br/1010420



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