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Cúpula nuclear marca avanços de Obama em sua agenda pessoal
Após passar 15 meses lidando com temas herdados de gestão Bush, americano começa a delinear prioridades de sua política externa
Assessor de presidente dos EUA diz que líder é guiado pela realpolitik; consenso em torno de sanções da ONU ao Irã é o próximo desafio
PETER BAKER
DO "NEW YORK TIMES"
Quando tomou posse, Barack
Obama disse a seus assessores
de política externa que tinha
dois pacotes de questões a tratar. O primeiro seria formado
por temas herdados de seu predecessor, como Iraque e Afeganistão. O segundo seria sua
própria agenda para o futuro.
Após passar 15 meses tratando das questões que herdou,
Obama agora está promovendo
assertivamente sua própria visão de política externa. A conferência sobre segurança nuclear nos EUA foi uma chance
de afirmar sua liderança.
"O legado de Obama na política doméstica será a reforma
da saúde. Mas, na política externa, é provável que seu legado
seja essa agenda de não proliferação nuclear", disse a ex-diplomata Nancy Soderberg.
A cúpula nuclear aconteceu
após semanas de uma abordagem mais assertiva nos assuntos internacionais, enquanto
Obama busca demonstrar força
para combater sua suposta fraqueza no exterior. Ele se negou
a ceder às exigências da Rússia
de limites à defesa antimísseis e
saiu com um tratado de controle de armas que prepara o palco
para relações melhores. Entrou
em disputas com os líderes de
Israel e do Afeganistão. E agora
enfrenta um teste crítico ao
tentar forjar uma coalizão para
impor novas sanções ao Irã.
Se há uma doutrina Obama
se delineando, ela é muito mais
de realpolitik que a de seus antecessores, focando relações
com as grandes potências tradicionais e relegando questões
como direitos humanos e democracia ao segundo plano.
"Todo mundo sempre traça
uma divisão entre idealista e
pragmático", disse o chefe de
gabinete da Casa Branca, Rahm
Emanuel. "Se fosse preciso enquadrar Obama numa categoria, ele provavelmente seria
mais realpolitik, como George
Bush pai [1989-1993]."
Stephen Rademaker, um ex-funcionário do governo Bush,
opinou: "Para um presidente
vindo da esquerda do Partido
Democrata, chama a atenção
como ele vem promovendo
uma estratégia de grande potência. Questões de direitos humanos não ocupam grande espaço em sua política externa".
De fato, Obama reuniu-se
nos bastidores da cúpula com
líderes com histórico falho de
direitos humanos, como o presidente Nursultan Nazarbayev,
do Cazaquistão, com quem fechou acordo para enviar suprimentos ao Afeganistão.
Com a reforma da saúde resolvida, Obama agora tem a
oportunidade de concentrar-se
em traduzir sua visão da política externa para a realidade.
Para Richard Haass, presidente do Council on Foreign
Relations, o tratado com a Rússia e a cúpula nuclear marcam o
começo de avanços para Obama. "Não assinalam grandes
transformações, mas, na política externa, é importante mover-se na direção certa, e é isso
o que está ocorrendo."
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