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México vive explosão de violência em guerra à droga
Mil pessoas morreram em confrontos, ajustes de contas e assassinatos só em 2007
Presidente Felipe Calderón mandou 30 mil soldados a Estados onde o tráfico é mais forte; país discute plano de ajuda americana
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um alto funcionário da Procuradoria Geral da República,
que trabalha com investigação
do crime organizado, foi assassinado ontem, com um tiro no
rosto, quando andava de carro
na Cidade do México. No fim de
semana, foi anunciado o seqüestro de dois jornalistas da
rede de tevê Azteca em Monterrey, no norte do país.
Segundo estatísticas oficiais,
entre janeiro e abril, mil pessoas morreram em crimes ligados ao narcotráfico, entre execuções, enfrentamentos e ajustes de contas. Em todo o ano
passado, foram 2.100, e em
2005, 1.300. Uma emboscada
organizada por traficantes matou cinco soldados na semana
passada no Estado de Michoacán. A cabeça de um mecânico
foi posta diante de um quartel
em Veracruz, no golfo do México, com uma mensagem: "Vamos continuar a lutar contra as
tropas federais".
Estimativas do governo americano apontam que 90% da cocaína que entra nos EUA sai do
México. Mais de 80% das metanfetaminas que entram no
mercado americano são produzidas ou distribuídas pelo país.
Ao contrário do consumo de
cocaína, estagnado, metanfetaminas como o ecstasy ou o cristal são produtos em ascensão
no mercado das drogas.
Como 90% da cocaína nas
ruas americanas é produzida
na Colômbia, especialistas ouvidos pela Folha dizem que,
com o fim dos grandes cartéis
de Medellín e Cali, em meados
dos anos 90, os grandes cartéis
mexicanos assumiram o controle da distribuição da cocaína
colombiana.
Simultaneamente à redução
de homicídios e seqüestros na
Colômbia, o México vive a explosão da violência.
De Giuliani à intervenção
Para reduzir a criminalidade,
principalmente a relacionada
com o narcotráfico, o México
tem tentando de tudo. Um consórcio de grandes empresários
junto com a prefeitura da Cidade do México contratou a consultoria do ex-prefeito nova-iorquino Rudolph Giuliani, responsável pelo programa Tolerância Zero, que levou à queda
drástica da violência na metrópole americana nos anos 90.
Depois de ter garantia de que
os narcotraficantes não seriam
condenados à pena de morte, o
presidente conservador Felipe
Calderón extraditou quase 20
chefões da droga aos EUA.
Logo no início de seu governo, em dezembro passado, Calderón aumentou o salário dos
militares e ordenou ações de
combate ao narcotráfico em oito Estados do país. Trinta mil
soldados continuam nessas
operações, em conjunto com as
polícias locais.
"O México é mais forte que
um grupo de delinqüentes, por
isso estamos empenhados nesse esforço", disse o presidente
ontem. Para Calderón, o aumento da violência é a resposta
às ações mais enérgicas do governo. Números oficiais do
Exército mexicano dizem que
foram destruídas em ações militares 670 toneladas de droga e
311 pistas de pouso clandestinas usadas pelos cartéis. Mais
de 1.200 pessoas foram presas.
"Algumas cidades do país são
controladas pelo narcotráfico
há tempos, e os chefões têm influência há três décadas. Essa
realidade fala de um vazio de
autoridade durante muito tempo", disse à Folha o colunista
do jornal "El Universal", da Cidade do México, Raymundo Riva Palacio. "Alguns lugares parecem sob estado de sítio, com
vários abusos e atropelos dos
direitos humanos."
Segundo o jornal americano
"Dallas Morning News", Calderón negocia com o governo
Bush a criação de uma versão
mexicana do Plano Colômbia
de combate ao narcotráfico.
Os americanos patrocinariam aparelhamento das forças
mexicanas de combate às drogas e equipamentos para monitoramento de seu espaço aéreo.
O governo mexicano não desmentiu a informação.
Ligações perigosas
Houve uma escalada na hierarquia de militares assassinados -o que mostra que a ousadia dos cartéis também aumentou. Na semana passada, quatro
seguranças do governador do
Estado do México, que circunda a capital, foram assassinados
pelo crime organizado.
Fontes do governo ouvidas
pela Folha dizem que a maior
dificuldade é combater a corrupção dentro da força policial
e do Exército. Só no governo
anterior, 700 policiais foram
expulsos e presos por vínculos
com cartéis.
Em meados dos anos 90, o
czar da luta antidroga do México, general José de Jesús Gutiérrez, foi preso apenas três
meses depois de sua nomeação
ao cargo. Ele havia recebido subornos e oferecido proteção ao
chefe de um cartel.
Com agências internacionais
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