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Após mortes, Paquistão faz greve contra Musharraf
Oposição defende magistrado que foi afastado da Suprema Corte pelo ditador
Manifestações deixaram 41 mortos no fim de semana; para adversários, ditador aliado aos EUA afastou juiz para continuar no poder
DA REDAÇÃO
Uma greve geral nas principais cidades do Paquistão marcou ontem os protestos contra
o governo do ditador Pervez
Musharraf. A paralisação, que
atingiu cidades como Lahore e
a capital, Islamabad, afetou
principalmente Karachi, na
Província de Sindh, onde no final de semana 41 pessoas morreram em confrontos entre
oposicionistas e milícias pró-governo. Além disso, uma greve
de advogados paralisa o sistema Judiciário paquistanês.
A fim de impedir mais manifestações, o governo da Província deu às forças policiais permissão para atirar.
A maior crise política recente
do Paquistão começou de fato
em março deste ano e foi ganhando corpo até culminar no
derramamento de sangue de
sábado e domingo, em Karachi.
No dia 9 de março, o ditador
Pervez Musharraf afastou de
suas funções, sob a acusação
geral de abuso de poder, o presidente da Suprema Corte do
Paquistão, Iftikhar Muhammad Chaudhry. O juiz, que entrou na Suprema Corte em junho de 2000, pouco mais de oito meses após o general Musharraf haver se tornado presidente por meio de um golpe de
Estado, foi com o tempo se tornando referência e porta-voz
dos opositores ao regime ditatorial paquistanês.
Ele não só começou a investigar o desaparecimento de ativistas políticos nos primeiros
anos da ditadura como, mais
tarde, deu declarações sugerindo que o Judiciário estava sendo pressionado pelo governo.
Após sua destituição por
Musharraf, seguiu-se uma greve de advogados, ainda em março deste ano, e manifestações
em apoio a Chaudhry pelo país.
Segundo a oposição, Musharraf suspendeu o juiz Chaudhry
para eliminar eventuais entraves ao seu plano de permanecer
mais cinco anos no poder.
O que começou como uma
disputa entre o governo e simpatizantes de Chaudhry tornou-se um confronto aberto
entre o partido governista,
MQM (Movimento Mutahida
Qaumi, da sigla em inglês), e
agremiações de oposição, como
o Partido do Povo, da ex-premiê exilada Benazir Butho, que
querem o retorno de Chaudhry
às suas funções.
Assassino
Na Assembléia Nacional, ontem, cerca de uma centena de
parlamentares da oposição gritavam "Musharraf assassino"
no plenário, em referência às
mortes do fim de semana. Mas
Musharraf, no próprio sábado,
em um comício organizado pelos governistas em seu apoio na
cidade de Islamabad, culpou o
juiz Chaudhry pela violência.
A oposição rebateu a acusação: Farhatullah Babar, porta-voz do Partido do Povo, afirmou que Musharraf planejou a
matança em Karachi.
Mesmo sendo ditatorial, o regime paquistanês é aliado dos
EUA. Os americanos consideram o Paquistão um parceiro-chave no combate ao Taleban,
que tem recuperado força no
sul do Afeganistão, exatamente
na região da fronteira com o Paquistão.
Mais mortes
Também ontem, um alto
funcionário da Justiça que era
próximo de Iftikhar Chaudhry
foi morto a tiros na porta de sua
casa, em Islamabad.
Segundo informa a rede de
notícias britânica BBC, os advogados que defendem
Chaudhry no caso de sua suspensão afirmaram que Syed
Hammad Raza, o homem assassinado, era "importante"
para o processo da defesa.
Com agências internacionais
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