|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Czar antientorpecentes dos EUA refuta guerra às drogas
Tema será tratado mais no âmbito de saúde pública que no penal, diz Gil Kerlikowske
Ex-chefe de polícia aponta
mudança no enfoque
doméstico, mas diz que
ainda não há decisão sobre
política externa para a área
DA REDAÇÃO
Gil Kerlikowske, o novo czar
antidrogas dos Estados Unidos,
quer aposentar o conceito de
"guerra às drogas". Em entrevista ao "Wall Street Journal",
o ex-chefe de polícia de Seattle
sinalizou mudança na doutrina
de combate às drogas do país
sob Barack Obama.
"Independentemente de como você tenta explicar que é
uma "guerra às drogas" ou uma
"guerra contra um produto", as
pessoas encaram como uma
guerra contra elas. Não estamos em guerra contra as pessoas deste país", declarou.
Ele enfatizou que o foco, no
momento, é no plano doméstico. Ainda não se debruçou sobre as políticas americanas de
combate às drogas no exterior.
Kerlikowske sinalizou que a
questão passará a ser mais
abordada sob o prisma de saúde
pública que criminal -com ênfase no tratamento, em detrimento do encarceramento-
pelo governo Obama.
Em seus meses iniciais, o governo democrata já adotou algumas medidas nesse sentido.
Recomendou tratamento similar para delitos envolvendo
crack e cocaína em pó e anunciou o fim de batidas de autoridades federais aos locais onde é
estocada maconha usada para
fins medicinais nos 13 Estados
em que tal consumo é permitido pela legislação local.
Ao longo da campanha presidencial, Obama cogitou extinguir a proibição federal do financiamento a programas de
troca de agulhas usadas por novas, descartáveis -o que poderia ajudar a reduzir a disseminação do vírus HIV entre usuários de drogas injetáveis.
Modelos
Essa medida já vigora em
Seattle, cidade que sedia anualmente a "Hempfest", festival
anual de defesa da legalização
da maconha. Em 2003, eleitores aprovaram norma que rebaixou o enquadramento legal
de violações de baixo potencial
ofensivo relacionadas à erva a
"baixa prioridade".
Kerlikowske, que diz apoiar
programas de substituição de
agulhas, mas não as campanhas
de legalização, alegou ter se
oposto à iniciativa acerca das
prioridades policiais.
O sargento Richard O'Neill,
presidente da entidade sindical
dos oficiais da polícia de Seattle
relatou ao "Journal" que um
efeito colateral da norma foi
um mercado de drogas a céu
aberto em um bairro central da
cidade. "Os oficiais têm dito: "Se
ele [Kerlikowske] não conseguiu controlar dois quarteirões
de Seattle, como irá controlar
todo o país?'", afirmou O'Neill.
A indicação de Kerlikowske
teve apenas um voto contrário
no Senado, do republicano
Tom Coburn, cujo porta-voz
disse que o político se preocupa
com "a atitude permissiva no
combate à maconha".
Enquanto o maior sindicato
nacional de policiais expressou
preocupação com a adoção do
foco no tratamento e redução
da demanda em prejuízo da
persecução penal, a Drug Policy Alliance, grupo defensor da
legalização da maconha medicinal manifestou "otimismo
cauteloso" com a indicação de
Kerlikowske.
Texto Anterior: Homossexualismo: Peru penaliza relação gay na polícia com expulsão Próximo Texto: Tortura: CIA rejeita abrir documentos que Cheney evocou Índice
|