São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Czar antientorpecentes dos EUA refuta guerra às drogas

Tema será tratado mais no âmbito de saúde pública que no penal, diz Gil Kerlikowske

Ex-chefe de polícia aponta mudança no enfoque doméstico, mas diz que ainda não há decisão sobre política externa para a área

DA REDAÇÃO

Gil Kerlikowske, o novo czar antidrogas dos Estados Unidos, quer aposentar o conceito de "guerra às drogas". Em entrevista ao "Wall Street Journal", o ex-chefe de polícia de Seattle sinalizou mudança na doutrina de combate às drogas do país sob Barack Obama.
"Independentemente de como você tenta explicar que é uma "guerra às drogas" ou uma "guerra contra um produto", as pessoas encaram como uma guerra contra elas. Não estamos em guerra contra as pessoas deste país", declarou.
Ele enfatizou que o foco, no momento, é no plano doméstico. Ainda não se debruçou sobre as políticas americanas de combate às drogas no exterior.
Kerlikowske sinalizou que a questão passará a ser mais abordada sob o prisma de saúde pública que criminal -com ênfase no tratamento, em detrimento do encarceramento- pelo governo Obama.
Em seus meses iniciais, o governo democrata já adotou algumas medidas nesse sentido. Recomendou tratamento similar para delitos envolvendo crack e cocaína em pó e anunciou o fim de batidas de autoridades federais aos locais onde é estocada maconha usada para fins medicinais nos 13 Estados em que tal consumo é permitido pela legislação local.
Ao longo da campanha presidencial, Obama cogitou extinguir a proibição federal do financiamento a programas de troca de agulhas usadas por novas, descartáveis -o que poderia ajudar a reduzir a disseminação do vírus HIV entre usuários de drogas injetáveis.

Modelos
Essa medida já vigora em Seattle, cidade que sedia anualmente a "Hempfest", festival anual de defesa da legalização da maconha. Em 2003, eleitores aprovaram norma que rebaixou o enquadramento legal de violações de baixo potencial ofensivo relacionadas à erva a "baixa prioridade".
Kerlikowske, que diz apoiar programas de substituição de agulhas, mas não as campanhas de legalização, alegou ter se oposto à iniciativa acerca das prioridades policiais.
O sargento Richard O'Neill, presidente da entidade sindical dos oficiais da polícia de Seattle relatou ao "Journal" que um efeito colateral da norma foi um mercado de drogas a céu aberto em um bairro central da cidade. "Os oficiais têm dito: "Se ele [Kerlikowske] não conseguiu controlar dois quarteirões de Seattle, como irá controlar todo o país?'", afirmou O'Neill.
A indicação de Kerlikowske teve apenas um voto contrário no Senado, do republicano Tom Coburn, cujo porta-voz disse que o político se preocupa com "a atitude permissiva no combate à maconha".
Enquanto o maior sindicato nacional de policiais expressou preocupação com a adoção do foco no tratamento e redução da demanda em prejuízo da persecução penal, a Drug Policy Alliance, grupo defensor da legalização da maconha medicinal manifestou "otimismo cauteloso" com a indicação de Kerlikowske.


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