São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Israel pede a Bento 16 que contenha retórica do Irã

Netanyahu diz que papa deve elevar a voz contra discurso anti-israelense de Teerã

Presidente iraniano defende varrer Estado judaico do mapa; Vaticano se abstém de responder diretamente a apelo de premiê israelense

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pediu ontem ao papa Bento 16 que contenha a retórica incendiária do governo do Irã contra o Estado judaico.
"Pedi que, na sua condição de figura moral, faça sua voz soar alto e de maneira contínua contra as declarações do Irã sobre a intenção de destruir Israel", afirmou Netanyahu após encontro reservado de 15 minutos com o papa, que hoje encerra seu giro pelo Oriente Médio.
"Não é possível que no início do século 21 haja um [governo] dizendo que vai destruir o Estado judeu", insistiu o premiê, numa referência ao presidente Mahmoud Ahmadinejad.
O iraniano questiona o Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa, embora nunca tenha dito que tomaria a iniciativa de atacar o país.
Israel encara o programa nuclear iraniano como uma ameaça à sua existência e quer costurar uma frente diplomática para conter Teerã. Os iranianos dizem que enriquecem urânio para produzir energia elétrica, não bombas.
Netanyahu destacou que falta "uma voz enérgica condenando [o Irã]" e se disse satisfeito com a resposta do papa. Segundo o premiê, Bento 16 condena o antissemitismo e mostrou ter um "ouvido atento" às preocupações de Israel.
O Vaticano, que criticou reiteradas vezes os comentários de Ahmadinejad sobre Israel, absteve-se de detalhar o conteúdo da conversa entre o papa e Netanyahu. Um porta-voz da Santa Sé disse apenas que os dois líderes compartilharam ideias sobre como "avançar" rumo à paz no Oriente Médio.
O papa deixou claro em sua viagem de oito dias pela região que defende a criação de um Estado palestino, ideia apoiada pelos EUA mas rejeitada pelo linha-dura Netanyahu.
O premiê, que tem encontro com o presidente americano, Barack Obama, na próxima segunda-feira, defende zonas econômicas palestinas sem ligação umas com as outras.
Além da defesa de um Estado palestino, o papa também contrariou setores mais radicais em Israel pela suposta "frieza" mostrada na visita ao Memorial do Holocausto. Grupos judeus criticaram o pontífice por não ter pedido desculpas explícitas por atos da Igreja Católica e pela responsabilidade da Alemanha nazista no assassinato em massa de judeus.

Premiê na Jordânia
Após receber o papa em Nazaré, Netanyahu fez uma visita-relâmpago à Jordânia, único país árabe, ao lado do Egito, que mantém relações diplomáticas plenas com Israel.
No encontro com o rei Abdullah 2º, ocorrido na cidade de Aqaba, o israelense também foi cobrado a aceitar a solução de dois Estados.
"Israel não obterá segurança e estabilidade se os palestinos não tiverem direito de se estabelecer em seu próprio Estado e de ter uma oportunidade de viver em paz", disse o monarca jordaniano ao premiê israelense, segundo o governo de Amã.
Em recente entrevista ao jornal britânico "The Times", Abdullah 2º previu uma nova guerra entre Israel e países árabes nos próximos 18 meses se não houver progressos nas negociações de paz.


Com agências internacionais


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