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Presidente compara manifestações a futebol
DO ENVIADO A TEERÃ
O presidente reeleito do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, comparou a prisão de centenas de
manifestantes e políticos da
oposição a uma torcida de futebol. "Quando acontece uma
partida de futebol e um time
perde, os torcedores saem muito zangados, pegam o carro e
desrespeitam os sinais vermelhos, então a polícia precisa
multar", disse ontem em entrevista coletiva no complexo presidencial.
"Torcedor fica bravo quando
perde, mas todos temos que
aprender a não ultrapassar o sinal vermelho."
Não foi a única indireta do
presidente à oposição. "Se estrangeiros se meterem na eleição, 70 milhões de iranianos se
levantarão. O Judiciário tomará conta dos iranianos que colaborarem com estrangeiros contra o país", disse.
Ahmadinejad disse que a
eleição "foi livre, justa e épica",
e que o país virou um novo
"modelo de democracia, baseado em valores éticos".
A entrevista coletiva foi realizada horas antes de um megacomício de comemoração pela
sua vitória, realizado à noite na
praça Valiasr ("liderança" em
persa), com cerca de 50 mil
pessoas. Protestos da oposição
não foram autorizados pelo governo, apesar de boatos de que
Mousavi tentará organizar um
protesto hoje à tarde em Teerã.
No comício, Ahmadinejad
ironizou o discurso do presidente americano Barack Obama no Cairo, há duas semanas.
"Obama disse que via o Irã
pronto para mudar. De fato,
que o Irã deveria mudar. Os iranianos escolheram do seu jeito.
Abaixo os EUA", discursou.
Programa nuclear
Já na coletiva com os jornalistas, ele se apresentou menos
agressivo com o americano.
Reafirmou que quer fazer um
debate com Obama, mas não
sobre o programa nuclear iraniano, dizendo que "isso é coisa
do passado". Mas afirmou que
participaria de um diálogo para
o desarmamento nuclear no
mundo, "além de temas de governança mundial".
"O mundo deve mudar, deve
recriar suas instituições, inspirado na ética, no amor, na justiça, na amizade", disse.
A coletiva foi aberta com 5
minutos de orações pelo alto-falante. Das 30 perguntas, todas selecionadas previamente
pelo governo, 23 eram de jornalistas da mídia estatal do Irã,
que davam parabéns a Ahmadinejad e lhe faziam elogios.
Em uma comprovação da
grande batalha que acontece
dentro do poder iraniano, uma
jornalista de um jornal estatal
perguntou ao presidente sobre
a "traição" do ex-presidente
Hashemi Rafsanjani. "O senhor
não foi cumprimentado por ele
ainda, que mandou uma carta
contra o senhor ao líder supremo. Há quem continue nas
sombras, tentando promover
incidentes", disse a jornalista.
Em temas de direitos humanos, que dominaram parte da
campanha, Ahmadinejad afirmou que não há discriminação
contra as mulheres no Irã.
"As mulheres têm mais direitos que os homens no Irã. Acho
que existe discriminação contra o homem", falou, rindo.
Ao ser questionado sobre
uma garota que foi enforcada
no mês passado e sobre a Justiça do país, ele disse que o "Judiciário é independente" e que
era contra a pena de morte.
"Ninguém deveria cometer crimes para não haver pena de
morte, é melhor que não tenha
crimes."
(RJL)
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