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Palestinos rejeitam condições de Israel
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV
Com o discurso pronunciado
ontem, Binyamin Netanyahu
comprou uma briga. Poucos
minutos depois da sua fala, líderes palestinos do Hamas, na
faixa de Gaza, e do Fatah, na
Cisjordânia, acusaram o premiê israelense de sabotar a paz
ao caminhar na contramão do
que o mundo aceita para o conflito no Oriente Médio.
Em entrevista à Folha, o vice-chanceler da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Ahmed Soboh, disse em Ramallah
que Netanyahu fracassou no
discurso. Para ele, o premiê israelense provou que "não é um
homem de paz" ao traçar a
ideia de um Estado palestino
sem soberania.
Soboh afirma ser favorável à
solução de dois Estados, desde
que ambos "tenham soberania,
sejam dignos" e tenham Jerusalém como capital. "Netanyahu confronta o mundo todo,
não só os palestinos", disse.
O negociador-chefe da ANP,
Saeb Erekat, disse que Netanyahu terá de esperar "mil anos"
para encontrar um palestino
que concorde com as condições
expostas no discurso. Para Erekat, o processo de paz, que já vinha caminhando "a passos de
tartaruga", foi derrubado com
o discurso do premiê.
Em Ramallah, o porta-voz do
premiê palestino Mahmoud
Abbas, Nabil Abu Rdainah,
afirmou que as declarações de
Netanyahu "sabotam todas as
iniciativas [de paz], congelam
os esforços que vinham sendo
feitos e desafiam palestinos,
árabes e os EUA".
Para Mustafa Barghouti,
membro do Parlamento palestino em Ramallah, o discurso é
"um plano de guerra". Ele chamou a política de Israel de
"apartheid" e disse que a paz é
"a última prioridade" do premiê israelense.
Em Gaza, o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, considerou o pronunciamento de Netanyahu "racista" e pediu que
países árabes formem uma
oposição forte contra Israel.
"Sabotagem"
A fala do premiê também recebeu críticas internas.
Na Cisjordânia, um comitê
de colonos de assentamentos
judaicos disse que "a Terra de
Israel não é uma moeda de troca da qual qualquer governo
passageiro possa dispor".
Mesmo membros do Likud, o
partido governista de direita liderado por Netanyahu, criticaram o discurso. O deputado israelense Danny Danon disse
que vai articular no partido para prevenir a criação de um Estado palestino. "Cidadãos israelenses demais foram mortos
por conta de nossas concessões
unilaterais", afirmou.
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