São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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CIA e aliados de Bush defendem legalidade de programa secreto

Revelação de que Congresso não foi informado sobre plano para matar líderes da Al Qaeda causou polêmica nos EUA

Filha de Dick Cheney, ex-vice que teria dado ordem para manter projeto sob sigilo, diz que não há provas de que seu pai tenha infringido a lei


DO "FINANCIAL TIMES"

Assessores dos governos Barack Obama e George W. Bush se defenderam ontem contra acusações de que a CIA (agência de inteligência americana) teria infringido a lei ao manter sigilo em torno de um programa para capturar e assassinar líderes da Al Qaeda.
A existência do programa foi revelada nos últimos dias, e ele só foi cancelado no mês passado pelo atual diretor da CIA, Leon Panetta.
Republicanos rejeitam as alegações de que o ex-vice-presidente Dick Cheney tenha dado ordens para manter o programa em segredo, evitando que chegasse ao conhecimento do Congresso. O governo Obama, que sofre pressões para investigar o caso e outras ações questionáveis do governo Bush na guerra contra o terror, quer contestar qualquer impressão de que seja hostil à CIA ou fraco no combate ao terrorismo.
Elizabeth Cheney, filha do ex-vice-presidente e ex-funcionária do Departamento de Estado, disse que não há provas de que seu pai tenha infringido a lei -que determina que o Congresso deve ser informado sobre ações da CIA. Ela disse que os democratas "não estão preparados para cuidar da segurança nacional" e acrescentou que os EUA foram "mantidos em segurança" sob Bush.
Norman Ornstein, do instituto de estudos conservador American Enterprise, comentou: "A questão para Obama, neste momento, é até que ponto vai focar no passado, no que o governo Bush fez para prevenir ataques terroristas. Quanto mais notícias desse tipo são divulgadas, maiores são as pressões vindas de democratas de esquerda e da imprensa para que se abra uma investigação".
Ornstein acrescentou que o atual governo evita seguir esse rumo devido ao risco "negativo sério" de "uma divisão no país, de irritar o ex-presidente Bush -que vem dando apoio notável a Obama ao não fazer críticas a ele- e de desviar as atenções de Afeganistão e Paquistão".
Um funcionário da inteligência americana também buscou encerrar as discussões sobre o programa, argumentando que Panetta informou o Congresso assim que uma unidade da CIA o informou da existência do programa. "Este programa existiu de modo intermitente ao longo de anos e nunca chegou a ser plenamente operacional", disse o funcionário. "Se o que a imprensa vem divulgando sobre o programa é correto, quando é que se tornou pecado perseguir líderes terroristas?"
Sublinhando os riscos que a questão traz ao governo, assessores no Congresso disseram que Christopher Bond, o líder republicano na Comissão de Inteligência do Senado, pressionou Panetta para saber as razões pelas quais o programa foi cancelado. Bond citou Panetta ao argumentar que, na medida em que o programa "era comandado por autoridades legais existentes, não houve atividade ilegal da CIA".
De fato, o governo Obama intensificou um programa de alvejar a Al Qaeda e o Taleban com aviões não tripulados -que também visam matar líderes-chave e também são operados pela CIA. Mas esses ataques acontecem com a aprovação implícita do Paquistão-, e o Congresso foi informado.


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