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CIA e aliados de Bush defendem legalidade de programa secreto
Revelação de que Congresso não foi informado sobre plano para matar líderes da Al Qaeda causou polêmica nos EUA
Filha de Dick Cheney, ex-vice que teria dado ordem para manter projeto sob sigilo, diz que não há provas de que seu pai tenha infringido a lei
DO "FINANCIAL TIMES"
Assessores dos governos Barack Obama e George W. Bush
se defenderam ontem contra
acusações de que a CIA (agência de inteligência americana)
teria infringido a lei ao manter
sigilo em torno de um programa para capturar e assassinar
líderes da Al Qaeda.
A existência do programa foi
revelada nos últimos dias, e ele
só foi cancelado no mês passado pelo atual diretor da CIA,
Leon Panetta.
Republicanos rejeitam as
alegações de que o ex-vice-presidente Dick Cheney tenha dado ordens para manter o programa em segredo, evitando
que chegasse ao conhecimento
do Congresso. O governo Obama, que sofre pressões para investigar o caso e outras ações
questionáveis do governo Bush
na guerra contra o terror, quer
contestar qualquer impressão
de que seja hostil à CIA ou fraco
no combate ao terrorismo.
Elizabeth Cheney, filha do
ex-vice-presidente e ex-funcionária do Departamento de Estado, disse que não há provas de
que seu pai tenha infringido a
lei -que determina que o Congresso deve ser informado sobre ações da CIA. Ela disse que
os democratas "não estão preparados para cuidar da segurança nacional" e acrescentou
que os EUA foram "mantidos
em segurança" sob Bush.
Norman Ornstein, do instituto de estudos conservador
American Enterprise, comentou: "A questão para Obama,
neste momento, é até que ponto vai focar no passado, no que
o governo Bush fez para prevenir ataques terroristas. Quanto
mais notícias desse tipo são divulgadas, maiores são as pressões vindas de democratas de
esquerda e da imprensa para
que se abra uma investigação".
Ornstein acrescentou que o
atual governo evita seguir esse
rumo devido ao risco "negativo
sério" de "uma divisão no país,
de irritar o ex-presidente Bush
-que vem dando apoio notável
a Obama ao não fazer críticas a
ele- e de desviar as atenções de
Afeganistão e Paquistão".
Um funcionário da inteligência americana também buscou
encerrar as discussões sobre o
programa, argumentando que
Panetta informou o Congresso
assim que uma unidade da CIA
o informou da existência do
programa. "Este programa
existiu de modo intermitente
ao longo de anos e nunca chegou a ser plenamente operacional", disse o funcionário. "Se o
que a imprensa vem divulgando sobre o programa é correto,
quando é que se tornou pecado
perseguir líderes terroristas?"
Sublinhando os riscos que a
questão traz ao governo, assessores no Congresso disseram
que Christopher Bond, o líder
republicano na Comissão de
Inteligência do Senado, pressionou Panetta para saber as
razões pelas quais o programa
foi cancelado. Bond citou Panetta ao argumentar que, na
medida em que o programa
"era comandado por autoridades legais existentes, não houve
atividade ilegal da CIA".
De fato, o governo Obama intensificou um programa de alvejar a Al Qaeda e o Taleban
com aviões não tripulados
-que também visam matar líderes-chave e também são operados pela CIA. Mas esses ataques acontecem com a aprovação implícita do Paquistão-, e
o Congresso foi informado.
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