São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Casamento gay racha Senado argentino

Votação se estenderia pela madrugada; sondagem informal aponta empate em 31 votos, além de seis indecisos

Manifestantes entram em confronto diante do Congresso; principal divergência é sobre a adoção de crianças


Leo La Valle/Efe
Grupos pró e contra projeto de lei que autoriza casamento entre pessoas do mesmo sexo entram em confronto diante do Congresso, em Buenos Aires

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

O Senado argentino decidia na noite de ontem, em votação considerada imprevisível, se aprovava o projeto de lei que autoriza o matrimônio e a adoção por casais homossexuais.
O debate opôs legisladores do mesmo bloco político e tinha previsão para encerrar depois da meia-noite. Uma pesquisa informal divulgada pela imprensa dava como certos 31 votos a favor e 31 contra o casamento gay.
A decisão dependia de seis senadores indecisos.
O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados há dois meses e, se passasse pelo Senado, só dependeria da sanção da presidente Cristina Kirchner, que o defende.
Diante do Congresso, duas manifestações marcaram a polarização do país diante do tema. De um lado, bandeiras do movimento gay e gritos contra a Igreja Católica. Do outro, fiéis rezavam com imagens de santos nas mãos.
O momento mais tenso ocorreu ainda durante a tarde, quando painéis que defendiam o casamento entre "homem e mulher" foram arrancados com facas por militantes a favor do projeto.
O grupo de religiosos teve de ser retirado pela polícia depois do incidente.

OPÇÃO FRUSTRADA
Além dos indecisos, também eram considerados cruciais na disputa os quatro senadores ausentes. Dois deles, alinhados ao governo e contrários ao projeto, foram convidados estrategicamente por Cristina para acompanhá-la em viagem à China.
O ex-presidente e atual senador Carlos Menem (1989-1999) também não compareceu ao plenário. Ele não declarara posição sobre o tema.
Tecnicamente, o projeto que era avaliado pelo Senado apenas altera um artigo do Código Civil. Em vez de prever o matrimônio entre "um homem e uma mulher", a legislação passaria a autorizar o casamento entre dois cônjuges, independente do sexo.
Com isso, os casais gays teriam direito a herança e aos benefícios da previdência social argentina. Também ficaria permitida a adoção. Essa foi a principal divergência entre apoiadores do projeto e a Igreja Católica, que deflagrou uma forte campanha contra o matrimônio gay.
Para encontrar um meio-termo, parlamentares da oposição apresentaram projetos paralelos que defendiam a "união civil", em vez do "matrimônio", o que negaria apenas o direito à adoção. A sugestão foi rechaçada pelo setor governista, que considerou a alternativa discriminatória e preferiu partir para o "tudo ou nada".


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