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Casamento gay racha Senado argentino
Votação se estenderia pela madrugada; sondagem informal aponta empate em 31 votos, além de seis indecisos
Manifestantes entram
em confronto diante do
Congresso; principal
divergência é sobre a
adoção de crianças
Leo La Valle/Efe
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Grupos pró e contra projeto de lei que autoriza casamento entre pessoas do mesmo sexo entram em confronto diante do Congresso, em Buenos Aires
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
O Senado argentino decidia na noite de ontem, em votação considerada imprevisível, se aprovava o projeto de
lei que autoriza o matrimônio e a adoção por casais homossexuais.
O debate opôs legisladores
do mesmo bloco político e tinha previsão para encerrar
depois da meia-noite. Uma
pesquisa informal divulgada
pela imprensa dava como
certos 31 votos a favor e 31
contra o casamento gay.
A decisão dependia de seis
senadores indecisos.
O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados há
dois meses e, se passasse pelo Senado, só dependeria da
sanção da presidente Cristina Kirchner, que o defende.
Diante do Congresso, duas
manifestações marcaram a
polarização do país diante do
tema. De um lado, bandeiras
do movimento gay e gritos
contra a Igreja Católica. Do
outro, fiéis rezavam com
imagens de santos nas mãos.
O momento mais tenso
ocorreu ainda durante a tarde, quando painéis que defendiam o casamento entre
"homem e mulher" foram arrancados com facas por militantes a favor do projeto.
O grupo de religiosos teve
de ser retirado pela polícia
depois do incidente.
OPÇÃO FRUSTRADA
Além dos indecisos, também eram considerados cruciais na disputa os quatro senadores ausentes. Dois deles, alinhados ao governo e
contrários ao projeto, foram
convidados estrategicamente por Cristina para acompanhá-la em viagem à China.
O ex-presidente e atual senador Carlos Menem (1989-1999) também não compareceu ao plenário. Ele não declarara posição sobre o tema.
Tecnicamente, o projeto
que era avaliado pelo Senado
apenas altera um artigo do
Código Civil. Em vez de prever o matrimônio entre "um
homem e uma mulher", a legislação passaria a autorizar
o casamento entre dois cônjuges, independente do sexo.
Com isso, os casais gays teriam direito a herança e aos
benefícios da previdência social argentina. Também ficaria permitida a adoção. Essa
foi a principal divergência
entre apoiadores do projeto e
a Igreja Católica, que deflagrou uma forte campanha
contra o matrimônio gay.
Para encontrar um meio-termo, parlamentares da
oposição apresentaram projetos paralelos que defendiam a "união civil", em vez
do "matrimônio", o que negaria apenas o direito à adoção. A sugestão foi rechaçada pelo setor governista, que
considerou a alternativa discriminatória e preferiu partir
para o "tudo ou nada".
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