São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Cuba só agiu por estar acossada, diz exilado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

O poeta e jornalista cubano Raul Rivero, que mora há cinco anos em exílio, em Madri, disse ontem à Folha que a liberação dos presos cubanos é um "ato desesperado" do governo de Raúl Castro. Preso na Primavera Negra de 2003 e enviado à Espanha após pressão internacional, Rivero (casado com Blanca Reyes, representante na Europa do grupo Damas de Branco, de mulheres de presos políticos) nega haver um afrouxamento na questão dos direitos humanos. (LB)

Folha - A liberação gradual dos presos é indício de uma mudança em Cuba?
Raul Rivero
- É claro que estou contente com a liberação, mas acho que a decisão foi unilateral e que o governo só a tomou por estar acossado pelos presos, as Damas de Branco, a morte do [dissidente Orlando] Zapata, a agonia do [Guillermo] Fariñas e a desesperada situação econômica do país.

Foi então uma "jogada'?
Foi uma jogada para limpar um pouco o rosto do governo. Eles se apoiaram na diplomacia espanhola, porque o [chanceler espanhol] Moratinos teve lealdade inflexível ao governo cubano. E, no plano interno, a igreja sempre pediu a soltura dos presos. Foi uma maquiagem.

O que é preciso para mudar?
Enquanto houver leis que permitem prender 75 pessoas em dez dias, nada irá mudar. O próprio método usado agora é antidemocrático. O que deveriam ter feito é deixar [os presos] irem para suas casas e terem um tempo para consultar seus familiares.

A vinda dos ex-presos à Espanha é positiva?
Conheci a liberdade na Espanha não só no plano ideológico mas também da vida em geral. Eu acho que eles vão encontrar uma parcela de felicidade aqui, porque isso vem com a liberdade.


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