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Escândalo sobre doações ilegais afeta, mas não ameaça Sarkozy
Cientista político diz que governo perde confiança dos eleitores
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE PARIS
Há cerca de um mês, o governo francês é alvo de denúncias que comprometem a
alta esfera do poder.
Em entrevista à Folha, o
cientista político Stéphane
Monclaire, da Universidade
Sorbonne, disse que a situação é crítica, mas ainda não
configura crise no governo
de Nicolas Sarkozy.
O presidente e seu partido,
o UMP, são acusados de aceitar doações ilegais da herdeira do grupo L'Oréal, Liliane
Bettencourt. "O que está em
jogo não é muito importante,
em relação ao dinheiro. O
problema é mais moral do
que judicial", diz Monclaire.
Para ele, os principais "erros políticos" de Sarkozy foram deixar Eric Woerth, ministro do Trabalho, seguir como tesoureiro do UMP e, ao
mesmo tempo, "presidencializar" demais. "Por isso, um
problema com um membro
do governo contamina diretamente o presidente."
"É evidente que existe falha no trâmite [das doações],
que não é só ilegal mas também contradiz a moral do governo. Sarkozy passou grande parte da campanha prometendo uma república irrepreensível", observa.
Monclaire, porém, afirma
que a situação é exagerada.
"Eu diria que a situação é
cada vez mais grave para o
governo, que perde confiança. É um ciclo vicioso que pode levar a uma crise política.
Mas faltam dois ingredientes
importantes para chamar de
crise a situação atual. Primeiro, é a oposição, que está calma. O outro são as distensões
na maioria, que ainda não estão suficientemente fortes."
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