São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Escândalo sobre doações ilegais afeta, mas não ameaça Sarkozy

Cientista político diz que governo perde confiança dos eleitores

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Há cerca de um mês, o governo francês é alvo de denúncias que comprometem a alta esfera do poder.
Em entrevista à Folha, o cientista político Stéphane Monclaire, da Universidade Sorbonne, disse que a situação é crítica, mas ainda não configura crise no governo de Nicolas Sarkozy.
O presidente e seu partido, o UMP, são acusados de aceitar doações ilegais da herdeira do grupo L'Oréal, Liliane Bettencourt. "O que está em jogo não é muito importante, em relação ao dinheiro. O problema é mais moral do que judicial", diz Monclaire.
Para ele, os principais "erros políticos" de Sarkozy foram deixar Eric Woerth, ministro do Trabalho, seguir como tesoureiro do UMP e, ao mesmo tempo, "presidencializar" demais. "Por isso, um problema com um membro do governo contamina diretamente o presidente."
"É evidente que existe falha no trâmite [das doações], que não é só ilegal mas também contradiz a moral do governo. Sarkozy passou grande parte da campanha prometendo uma república irrepreensível", observa.
Monclaire, porém, afirma que a situação é exagerada.
"Eu diria que a situação é cada vez mais grave para o governo, que perde confiança. É um ciclo vicioso que pode levar a uma crise política. Mas faltam dois ingredientes importantes para chamar de crise a situação atual. Primeiro, é a oposição, que está calma. O outro são as distensões na maioria, que ainda não estão suficientemente fortes."


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