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EM BAIXA
Crise econômica faz com que todos os presidentes da América Latina tenham queda de popularidade
Líderes latinos perdem apoio popular
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
O pêndulo político latino-americano está se movendo rapidamente contra os governantes de
turno, depois de uma década de
estabilidade que permitiu, por
exemplo, a introdução do princípio da reeleição, o que beneficiou
presidentes como Carlos Saúl
Menem (Argentina), Fernando
Henrique Cardoso (Brasil) e Alberto Fujimori (Peru).
Agora, o jornal argentino "La
Nación" consolidou em um mapa
do sub-continente a constatação
de que todos os dez presidentes
dos principais países estão com
popularidade inferior ao ponto
máximo que haviam atingido.
A razão é facílima de explicar: a
turbulência financeira internacional, que começou na Ásia em 1997
e passou pela Rússia no ano seguinte, acabou afetando duramente a economia de toda a América Latina, já a partir do segundo
semestre do ano passado.
Embora a perda de popularidade seja comum a todos, há casos
mais e menos graves.
Na lista dos mais graves, o pódio é ocupado por Equador e Colômbia, até porque não se trata
apenas de dificuldades econômicas, por graves que sejam, mas
também de forte instabilidade política.
No Equador, um conglomerado
batizado de "Frente Patriótica"
está chamando a um "levantamento popular e indígena". Na
Colômbia, a ofensiva da mais forte e antiga guerrilha latino-americana (as Farc, Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
aproxima-se mais e mais da capital, Bogotá, e provoca êxodo em
massa de colombianos das classes
média e alta.
No domingo, carta pastoral dos
bispos colombianos advertia o
presidente Andrés Pastrana, como se preciso fosse, que "sopram
fortes ventos de guerra e morte".
Não por acaso, Pastrana e seu
colega equatoriano, Jamil Mahuad, são os governantes que
mais rapidamente perderam
prestígio nas pesquisas.
Ambos estão no poder há pouco menos de um ano ( desde agosto passado).
Mas têm 33% (Pastrana) e 16%
(Mahuad) de ótimo/bom nos
mais recentes levantamentos.
Para o presidente Fernando
Henrique Cardoso, a comparação
é negativa: ele também têm apenas 16% de ótimo/bom, na mais
recente pesquisa do Datafolha, ou
seja, a mesma porcentagem de
Mahuad. Mas FHC iniciou seu segundo mandato depois (em janeiro deste ano).
Inflação
A inversão de direção do pêndulo político serve também para
mostrar que a inflação deixou de
ser o principal fator determinante
da popularidade de um governante, ao contrário do que aconteceu no início dos anos 90.
O Chile, por exemplo, tem hoje
a inflação mais baixa em 60 anos,
mas a aprovação a seu presidente,
Eduardo Frei, pela primeira vez
desde a redemocratização do país
(1989), está abaixo dos 50%.
O elevado desemprego (associado ao baixo crescimento ou à
recessão) é, hoje, o fator que puxa
o pêndulo contra os governantes
em funções.
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