|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
APAGÃO AMERICANO
Moradores da cidade tentam contornar o caos no trânsito; às 19h, ainda havia pessoas presas no metrô
Voluntários substituem semáforos em NY
DE NOVA YORK
Com os semáforos apagados,
uma legião de policiais e voluntários tomou as avenidas de Manhattan para diminuir um pouco
o caos no trânsito.
Parado desde as 17h30 locais na
esquina da Quinta Avenida com a
rua 68, o publicitário Alan Godman, 28, disse que se deparou
com a bagunça ao deixar o trabalho. "É a única coisa que poderia
fazer para ajudar Nova York a
voltar a funcionar", afirmou ele.
Nem o esforço de voluntários e
policiais foi suficiente para evitar
os acidentes. Com as bombas de
gasolina sem funcionar, muita
gente também ficou sem combustível na volta para casa.
A população foi aconselhada a
não sair de casa de carro. Com os
trens parados e os ônibus atrasados e lotados, muita gente resolveu caminhar até sua casa após o
trabalho -incluindo pessoas que
moram fora de Manhattan, situação que provocou grandes filas
nas pontes que servem a ilha.
Às 19h, três horas depois do início do blecaute, ainda havia gente
presa em alguns trens nova-iorquinos. Com o trânsito parado, o
serviço de resgate não tinha como
chegar aos vagões.
No hotel Regency, na avenida
Park, um dos pontos preferidos
da indústria do cinema, muitos
hóspedes que saíram para o aeroporto foram apanhados no meio
do caminho pelo blecaute. À noite, ainda tentavam um quarto.
Perto dali, o Central Park seguia
aberto. Num dos acessos, porém,
um policial alertava: "Eu não entraria aí nem com uma arma".
As filas em telefones públicos e
carrinhos de cachorro-quente seguiram cheias pela noite.
O Empire State Building tinha
apenas luzes de emergência acesas no alto. Em Times Square, alguns restaurantes e bares continuaram abertos, com velas.
Muita gente bebia nas ruas, o
que é proibido na cidade. Ciclistas
se divertiam pedalando, enquanto outras pessoas passeavam com
seus cachorros.
A Broadway cancelou seus espetáculos, e os Mets, time de beisebol local, suspendeu seu jogo.
Uma apresentadora de rádio
chegou a se dizer "aliviada" ao
comparar o incidente de ontem
com os atentados do 11 de Setembro -ela definiu o apagão como
uma crise "ordenada".
Por volta das 20h45, alguns lugares no interior do Estado de
Nova York começaram a ter a
energia restaurada.
A cidade de Nova York, porém,
continuava às escuras. O governador local, George Pataki, declarou
estado de emergência.
O prefeito, Michael Bloomberg,
que horas antes dissera já haver
luz em pontos da cidade, começou a ser cobrado por jornalistas.
Só às 21h locais, os aeroportos
de La Guardia e Newark retomaram suas operações.
Meia hora depois, um repórter
de TV que sobrevoava a cidade
disse ter visto as primeiras luzes se
acenderem. Nesse mesmo horário, Bloomberg concedeu nova
entrevista coletiva para dizer que
entre 10% e 15% da iluminação da
cidade já havia voltado ao normal.
"Espero que em quatro horas a
energia esteja restabelecida", afirmou o prefeito nova-iorquino.
Em meio à escuridão, Bloomberg aproveitou para reclamar
dos prejuízos ainda incalculados
que o apagão vai causar à sua cidade. "Isso não é bom para o nosso orçamento", disse.
Ao mesmo tempo, ele aproveitou para brincar com a situação.
"Hoje é possível ver estrelas em
Manhattan." Também fez questão de se mostrar otimista: "Amanhã, vamos ter um dia de trabalho
normal".
(ROBERTO DIAS)
Colaboraram Beatriz Peres, Leonardo
Cruz e João Sandrini, em Nova York
Texto Anterior: Memória: Apagão de 1977 provocou saques e caos na cidade Próximo Texto: Oferta de energia na área de NY está no limite Índice
|