São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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Plebiscito testa política de Lula "pró-ativa"

DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O plebiscito que decidirá hoje o futuro do presidente venezuelano, Hugo Chávez, também será um teste para a diplomacia "pró-ativa" do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, segundo analistas ouvidos pela Folha.
"Um referendo pacífico será uma vitória para o povo venezuelano e para as iniciativas diplomáticas do Brasil", disse a cientista política britânica Julia Buxton, especialista em Venezuela. "A tentativa de liderança de Lula é um desafio ao domínio americano, mas que parece cada vez mais moderado."
"Claro que é fundamental", disse à Folha Ricardo Seitenfus, especialista em relações internacionais. Ele divide a atuação de Lula em duas fases: "Na primeira, havia a predisposição para agir na Venezuela antes mesmo de tomar posse, ao enviar Marco Aurélio Garcia".
A visita do assessor internacional de Lula, em dezembro de 2002, foi acusada de ingerência pela oposição. No início de 2003, durante a greve geral, que paralisou a economia do país por 63 dias, a embaixada do Brasil em Caracas recebeu ameaças de bomba, e houve manifestações perto da residência oficial do embaixador, à época Ruy Nogueira.
Foi nessa época que Lula lançou o Grupo de Amigos da Venezuela, com a participação de México, Chile, Espanha, Portugal e EUA. O grupo atuou nas negociações que deram início ao processo do plebiscito, após acordo em maio de 2003. A inclusão de Washington agradou à oposição, mas desatou críticas do governo.
Para Seitenfus, começa aí a segunda fase, mais crítica, do governo Lula, "sobretudo quando Chávez não aceitava o referendo". "Agora, o governo acompanha o plebiscito à distância, mas simpatiza com Chávez", diz. Seitenfus ressalta os reflexos econômicos: "Nunca as relações comerciais estiveram em níveis tão altos". (FM)

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