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Rússia defende a partição da Geórgia
Medvedev diz que apoiará "qualquer decisão" de líderes separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia sobre futuro das regiões
Condoleezza Rice viaja para
a Geórgia para convencer o
presidente Saakashvili a
assinar o cessar-fogo que
Sarkozy negociou na terça
Denis Sinyakov/Reuters
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Soldado russo com bandeira do país na capital da Ossétia do Sul
DA REDAÇÃO
A Rússia deu ontem claramente a entender que a integridade territorial da Geórgia é
"algo para esquecer", e que os
dois territórios separatistas, a
Ossétia do Sul e a Abkházia, podem contar com o Kremlin para se tornar independentes.
Essa tomada de posição, permitida pelo desfecho militar favorável aos russos no conflito
de seis dias pelo controle da Ossétia do Sul, contradiz de modo
frontal declarações americanas
sobre a questão.
O presidente George W.
Bush, em telefonemas ao presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, e ao da Lituânia, Valdas Adamkus, reiterou a "solidariedade com uma Geórgia livre e soberana" e, mais tarde,
exortou ao respeito da "integridade territorial" do pequeno
país do Cáucaso, seu aliado.
Rice com Sarkozy
Bush também enviou a secretária de Estado, Condoleezza Rice, à capital georgiana, para conversações com o presidente Mikhail Saakashvili.
Rice fez escala na França, onde foi recebida pelo presidente
francês, Nicolas Sarkozy. Ela
declarou que "a Rússia deve
honrar o cessar-fogo e retirar
seus militares" da Geórgia.
Sarkozy afirmou que Rice
tentaria convencer Saakashvili
a assinar o cessar-fogo que ele
próprio, no exercício da presidência rotativa da União Européia, negociou na terça-feira
com Moscou antes de obter, na
madrugada de quarta, o acordo
verbal da Geórgia.
Medvedev e o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov,
usaram ontem uma retórica
agressiva, em que o desmembramento do território georgiano era o maior pressuposto.
Medvedev recebeu os presidentes da Ossétia do Sul,
Eduard Kokoity, e da Abkházia,
Sergei Bagapsh. Ambos foram
eleitos com apoio da Rússia,
amparados no acordo de 1992
que pôs fim a conflitos entre os
georgianos e os separatistas
dessas duas regiões. Sob o acordo, os territórios autônomos ficaram sob tutela de uma força
de paz russa.
"Vocês defenderam seus países, e a justiça está do lado de
vocês", disse Medvedev. Afirmou ainda que a Rússia apoiaria e garantiria "qualquer decisão" tomada pelos dois territórios, numa menção aos planos
de independência.
Lavrov, o ministro russo do
Exterior, foi mais longe. Afirmou a uma emissora de rádio
que a integridade territorial da
Geórgia "é algo para esquecer"
e que, na prática, ela é "limitada". Qualquer negociação em
sentido contrário, disse, seria
"um profundo insulto aos povos" dos dois territórios separatistas.
Comentando as declarações,
Rice disse que os países da
ONU têm direito ao respeito de
"suas fronteiras internacionalmente reconhecidas". Mas
Moscou tem evocado no caso o
precedente de Kosovo -a Província da Sérvia, sua aliada, cuja
independência, declarada neste ano, os EUA apoiaram.
Assessores de Rice disseram
que o documento que ela levava
à Geórgia confirma concessões
a Moscou, mas também a manutenção das atuais fronteiras.
Haverá zona-tampão
Diplomatas americanos disseram que o texto limita a um
raio de 10 km a movimentação
russa dentro da Geórgia, em zona-tampão junto aos territórios autonomistas. Pelo acordo,
os russos poderão manter os
contingentes que tinham nas
duas áreas antes da guerra, iniciada quando Tbilisi tentou retomar a Ossétia do Sul, no dia 7,
em operação que teve resposta
esmagadora de Moscou.
Ainda ontem a França exortou o Conselho de Segurança à
rápida votação de resolução baseada no acordo de terça-feira,
de modo a dar mais consistência a um quadro diplomático
ainda frágil e instável.
Com agências internacionais
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