São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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Após cercar cidades-chave e áreas rebeldes, Rússia diz que deixa Gori

DA REDAÇÃO

A Rússia movimentou ontem suas unidades militares em áreas estratégicas da Geórgia, dois dias depois de assinar um cessar-fogo que deveria pôr fim ao conflito de seis dias entre Moscou e Tbilisi pelo controle das regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia.
O Kremlin cercou três cidades e ordenou busca por equipamentos abandonados pelo Exército georgiano durante a retirada. A movimentação é parte da estratégia russa de neutralizar a capacidade militar da Geórgia contra as regiões rebeldes. Moscou argumenta que ela não fere os termos do cessar-fogo, que permitem à Rússia tomar "medidas adicionais" de segurança no entorno das áreas separatistas.
Além de ocupar as áreas, que correspondem a um terço do país, Moscou controla as vias de transporte na Geórgia. A Rússia admite substituir suas tropas fora das zonas separatistas por policiais georgianos, mas não confirma data da retirada. Ontem, o país estacionou unidades a 56 quilômetros de Kutaisi, segunda maior cidade georgiana.
A Ossétia do Sul e a região de Gori -cidade estratégica, a 30 km da região conflagrada- estão isoladas, segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. "Apesar do acordo, a violência continua, com civis sofrendo as conseqüências", disse Ban, que criticou a "insegurança, o desrespeito às leis e outros restrições". O escritório local da ONU pediu que seja aberto um corredor de segurança para a entrega de auxílio humanitário. Cerca de 100 mil pessoas abandonaram suas casas desde o início do conflito.
Oficiais russos e georgianos se encontraram ontem para negociar a devolução de Gori, que teve suas bases militares implodidas pelos russos. Saqueadores intimidam moradores da cidade, esvaziada.
A Rússia autorizou a entrada de policiais georgianos em Gori no início da manhã. As patrulhas conjuntas foram suspensas após três horas, e as negociações, tensas, foram retomadas pelo secretário do Conselho de Segurança da Geórgia, Alexandre Lomaia, e o general russo Viatcheslav Borisov.
Segundo o relato da agência France Presse, Lomaia implorou aos jornalistas que não provocassem Borisov -furioso com o que diz a mídia sobre a atuação de seus homens na guerra. "Todos os correspondentes dizem que a cidade foi destruída", disse o general. "A cidade continua aqui!". O enviado da Reuters, Matt Robinson, confirma que os danos aos edifícios de Gori foram poucos. Segundo Lomaia, os russos devem deixar hoje a cidade.


Com agências internacionais


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