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FOCO
Beirute busca inspiração no Brasil para incentivar "indústria" de plásticas
Fama do cirurgião Ivo Pitanguy e da beleza da mulher brasileira
fizeram do país referência na formação de profissionais da área
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
Qual a diferença entre a
mulher libanesa e a brasileira? Nas mãos de um cirurgião
plástico especializado em
próteses de seios, algo em
torno de 300 ml.
"Brasileiras gostam de
uma aparência mais natural
e geralmente não pedem
mais que 300 ml de silicone
em cada seio", diz o cirurgião
Toni Nassar. "Libanesas, exibicionistas, pedem o dobro."
Nassar é um dos cirurgiões
plásticos mais procurados do
Líbano, que nos últimos anos
tornou-se capital da beleza
no Oriente Médio.
E, quando se fala em cirurgia estética, o Brasil é uma referência. Impulsionado pela
fama do carioca Ivo Pitanguy
e da beleza da mulher brasileira, o país é sinônimo de
qualidade nas cirurgias que
viraram sonho de consumo.
Não é à toa que Nassar decidiu dar a sua rede de consultórios e spas o nome de
Clínicas Estéticas Brasileiras.
Em apenas quatro anos, já
abriu quatro filiais.
O Brasil como marca ajudou Nassar a se tornar um
dos profissionais de maior visibilidade num negócio que
rende milhões. Segundo Nassar, o "top five" na preferência dos clientes é: lipoaspiração, nariz, aumento de seios,
correção da face e abdome. E
cada vez mais homens procuram a clínica, para botox,
lipo e até implante de peito.
TURISMO
Com a recuperação do turismo libanês, depois da queda drástica provocada pela
guerra de 2006 com Israel, a
expectativa do governo é fechar o ano com mais de 2,2
milhões de visitantes, 20%
mais em relação a 2009.
Muitos não vêm apenas
em busca de sol, praia e da
intensa vida noturna de Beirute, mas para dar um retoque na beleza. Além da qualidade dos médicos, vários
com especialização no Brasil, o que atrai são os preços,
até quatro vezes menores
que na Europa e nos EUA.
De cada dez cirurgias feitas na clínica de Nassar, quatro são em clientes do endinheirado golfo Pérsico.
Enquanto há diferença entre os gostos de brasileiras e
libanesas, a estética no recatado golfo Pérsico tem peculiaridades que, surpreendentemente, aproximam-se do
padrão verde e amarelo. As
libanesas dão prioridade aos
seios, mas as mulheres do
golfo querem aumentar o
bumbum, diz Nassar.
"Já operei princesas e artistas e muitas vezes sou levado ao golfo para uma única cirurgia", conta o médico,
que se formou em 2006 no
Rio e fez especialização na
clínica de Pitanguy.
Em outubro Beirute sedia
um congresso mundial de cirurgiões plásticos, e as palestras de 15 médicos que virão
do Brasil estão entre as mais
esperadas.
"O Brasil é referência",
atesta a fluminense Ana Zakhour, 38, há 19 anos no Líbano. Ao decidir fazer lipoaspiração e aplicação de botox,
contra a vontade do marido
libanês, procurou um médico formado no Brasil.
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