São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010

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FOCO

Beirute busca inspiração no Brasil para incentivar "indústria" de plásticas

Fama do cirurgião Ivo Pitanguy e da beleza da mulher brasileira fizeram do país referência na formação de profissionais da área

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE

Qual a diferença entre a mulher libanesa e a brasileira? Nas mãos de um cirurgião plástico especializado em próteses de seios, algo em torno de 300 ml.
"Brasileiras gostam de uma aparência mais natural e geralmente não pedem mais que 300 ml de silicone em cada seio", diz o cirurgião Toni Nassar. "Libanesas, exibicionistas, pedem o dobro."
Nassar é um dos cirurgiões plásticos mais procurados do Líbano, que nos últimos anos tornou-se capital da beleza no Oriente Médio.
E, quando se fala em cirurgia estética, o Brasil é uma referência. Impulsionado pela fama do carioca Ivo Pitanguy e da beleza da mulher brasileira, o país é sinônimo de qualidade nas cirurgias que viraram sonho de consumo.
Não é à toa que Nassar decidiu dar a sua rede de consultórios e spas o nome de Clínicas Estéticas Brasileiras. Em apenas quatro anos, já abriu quatro filiais.
O Brasil como marca ajudou Nassar a se tornar um dos profissionais de maior visibilidade num negócio que rende milhões. Segundo Nassar, o "top five" na preferência dos clientes é: lipoaspiração, nariz, aumento de seios, correção da face e abdome. E cada vez mais homens procuram a clínica, para botox, lipo e até implante de peito.

TURISMO
Com a recuperação do turismo libanês, depois da queda drástica provocada pela guerra de 2006 com Israel, a expectativa do governo é fechar o ano com mais de 2,2 milhões de visitantes, 20% mais em relação a 2009.
Muitos não vêm apenas em busca de sol, praia e da intensa vida noturna de Beirute, mas para dar um retoque na beleza. Além da qualidade dos médicos, vários com especialização no Brasil, o que atrai são os preços, até quatro vezes menores que na Europa e nos EUA.
De cada dez cirurgias feitas na clínica de Nassar, quatro são em clientes do endinheirado golfo Pérsico.
Enquanto há diferença entre os gostos de brasileiras e libanesas, a estética no recatado golfo Pérsico tem peculiaridades que, surpreendentemente, aproximam-se do padrão verde e amarelo. As libanesas dão prioridade aos seios, mas as mulheres do golfo querem aumentar o bumbum, diz Nassar.
"Já operei princesas e artistas e muitas vezes sou levado ao golfo para uma única cirurgia", conta o médico, que se formou em 2006 no Rio e fez especialização na clínica de Pitanguy.
Em outubro Beirute sedia um congresso mundial de cirurgiões plásticos, e as palestras de 15 médicos que virão do Brasil estão entre as mais esperadas.
"O Brasil é referência", atesta a fluminense Ana Zakhour, 38, há 19 anos no Líbano. Ao decidir fazer lipoaspiração e aplicação de botox, contra a vontade do marido libanês, procurou um médico formado no Brasil.


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