São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

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Após 18 anos, EUA estão de volta à capital

DO ENVIADO A MOGADÍCIO

Dezoito anos após a trágica operação militar que deixou 18 soldados americanos mortos em Mogadício --num episódio tornado famoso pelo filme "Falcão Negro em Perigo"--, os EUA estão de volta às ruas da capital somali.
Agora, porém, a guerra é travada por procuração.
O serviço é feito pela empresa privada de segurança americana Bancroft Global Development, encarregada de treinar as tropas da Amisom, a missão policial da União Africana na Somália.
Financiada indiretamente pelo Departamento de Estado dos EUA, a empresa é formada por ex-militares de diversos países. Nenhum americano. Após bater em retirada em 1993, os EUA mantém aviões não pilotados nos céus da Somália. "Não queremos botas americanas no terreno", disse ao jornal "New York Times" o principal assessor para a África do governo Obama, Johnnie Carson.
Sob altíssimo risco de sequestros da ação imprevisível de franco-atiradores, a legião estrangeira da Bancroft evita mostrar o rosto na capital, preferindo as patrulhas no interior dos blindados da União Africana.
Há alguns dias, os rostos brancos de dois seguranças da empresa se destacavam no centro de Mogadício, mobilizados por alerta de bomba.
Com fardas camufladas e fuzis a tiracolo, apressavam a localização do artefato a fim de voltar logo aos carros.
Um deles, apontado como o comandante da operação, falou com a Folha, sem tirar os olhos da multidão.
Para ele, a retirada da milícia islâmica Shabab da capital, dias antes, foi resultado do treinamento fornecido pela Bancroft aos soldados africanos. "Levou muito tempo até conseguirmos isso", disse o ruivo atarracado, que se identificou como "Rocky", ex-militar da Namíbia.
A segurança tem uma ala privatizada, reflexo da divisão tribal do governo transitório. Uma milícia com mil homens, alguns muito jovens, faz a segurança oficial dos ministros do grupo islâmico Suna, que se aliou ao governo no ano passado. (MN)


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