|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUROPA
Febre causada pelo best-seller cria visitas guiadas às obras citadas no livro; Louvre dá o braço a torcer e faz seu tour oficial
Turismo do "Código Da Vinci" toma Paris
DO "FINANCIAL TIMES"
DA ASSOCIATED PRESS, EM PARIS
O museu do Louvre inaugurou
ontem seu tour oficial pelas pinturas descritas no best-seller "O
Código Da Vinci", de Dan Brown.
Foi uma concessão e tanto. Até
ontem, os administradores do
Louvre se recusavam a comentar
o livro. "É uma obra de ficção, e
não é nosso trabalho falar de coisas desse tipo", disse um assessor
de imprensa do museu.
Mas o corte nos subsídios oficiais, que obrigou o Louvre a buscar patrocínio privado no ano
passado, tornou o museu dependente dos recursos externos -e
um grupo de investidores dos
EUA, chamados de "Amigos
Americanos do Louvre", gosta
muito do livro de Brown. Esses
amigos foram recebidos ontem,
no tour inaugural, pelo diretor do
Louvre, Henri Loyrette, que disse
querer acabar com a imagem de
"arrogância" do museu.
A iniciativa do Louvre não é isolada. "Da Vinci" gerou toda uma
miniindústria turística nova na
Europa, algo que gira em torno
dos leitores fascinados que percorrem os lugares que figuram na
trama, interessados em decifrar
seus enigmas. Desde a Escócia à
França, os leitores do "Código"
passaram a visitar lugares antigos
munidos de listas de perguntas.
Em Paris, os fãs do livro indagam se é verdade que existem 666
vidraças na pirâmide de Louvre.
Na igreja de Saint-Sulpice, que
aparece diversas vezes no livro,
eles fotografam o obelisco, o lugar
onde o monge albino assassino do
livro inicia a busca pelo Graal.
Para Paul Roumanet, o padre da
igreja na vida real, essa fama recente vem sendo uma dor de cabeça. Cansado de responder a
perguntas, ele acabou por expor
um cartaz que desmente as afirmações do livro. O cartaz começa
com ""contrariamente às alegações fantásticas contidas num
best-seller recente..."
"É muito desagradável tudo isso
que Dan Brown foi tirar da lata de
lixo da história", disse Roumanet.
"O Código Da Vinci" mistura
decifração de códigos com história da arte, sociedades secretas, religião e tradições, tudo isso em capítulos curtos com ação constante. Já foram publicados vários outros livros que procuram desmentir suas alegações polêmicas, principalmente a de que Jesus Cristo
teria se casado com Maria Madalena e dado origem a uma linhagem de descendentes.
O livro recentemente se tornou
o mais vendido na categoria ficção na França, onde intelectuais o
vêm discutindo em debates na televisão e nas páginas de editoriais
dos jornais. Nos EUA, o livro é o
número um na lista de mais vendidos do "The New York Times",
na qual aparece há 76 semanas.
Em Paris, pelo menos três empresas de turismo aderiram à onda "Da Vinci". Os clientes, em sua
maioria americanos, pagam caro
para entrar em tours. Alguns custam até 310 por grupo.
Existem também os leitores que
saem à procura dos locais por
conta própria, ou então aqueles
que apenas constatam que o livro
modificou sutilmente a maneira
como enxergam Paris. O engenheiro americano Daniel Berg
viu-se pensando no livro quando
se sentou ao lado da pirâmide
moderna de vidro do Louvre.
O livro afirma que há 666 vidraças na pirâmide projetada por
I.M. Pei. Mas fontes diversas parecem fazer contas diferentes. Um
documento oficial do Louvre encontrado na internet disse que são
673 vidraças. Usando um cálculo,
Daniel Berg também chegou a um
número. Mas, brincou, "prefiro
não revelar qual" -para evitar fazer parte da polêmica "Da Vinci".
Texto Anterior: Argentina: Renúncia de juiz do caso Amia não é aceita Próximo Texto: América Latina: EUA congelam ativos de 23 firmas colombianas em ação antitráfico Índice
|