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Agência nuclear acusa EUA de mentir sobre Irã
Em carta confidencial, AIEA classifica relatório do Congresso de "desonesto'
Comitê citou "urânio suficiente" para obter armas e insinuou omissão de órgão da ONU; porta-voz minimiza dado incorreto
DA REDAÇÃO
A agência nuclear da ONU
atacou duramente o Congresso
americano, acusando-o de divulgar um relatório "escandaloso e desonesto" sobre o programa nuclear do Irã, em carta
confidencial que veio à tona ontem. Segundo a AIEA (Agência
Internacional de Energia Atômica), o relatório, lançado pelo
Comitê de Inteligência do Congresso em agosto, tem "informações errôneas e enganosas".
A carta, enviada ao chefe do
comitê, o republicano Peter
Hoekstra, foi obtida pelo jornal
americano "Washington Post".
Entre outras críticas, a agência
expressa "fortes objeções" à insinuação de que estaria acobertando dúvidas a respeito das intenções nucleares iranianas.
Os EUA têm pressionado o
Conselho de Segurança da
ONU a concordar em impor
sanções econômicas ao Irã por
ele não suspender o enriquecimento de urânio. Suspeita-se
que o governo de Mahmoud
Ahmadinejad queira obter armas nucleares -ele nega.
Segundo a AIEA, o relatório
do Congresso contém sérias
distorções. A agência diz que o
comitê erra ao afirmar que o Irã
enriqueceu urânio em nível suficiente para construir armas
atômicas, pois seus inspetores
encontraram apenas pequenas
quantidades de urânio enriquecido, e em níveis primários.
Mas a maior crítica é à "afirmação incorreta e enganosa"
de que a agência removeu um
dos seus inspetores por ele
"alegadamente concluir que o
objetivo era construir armas".
Segundo a AIEA, a remoção
ocorreu a pedido de Teerã, o
que é garantido a todo governo.
A carta considera "escandalosa e desonesta" a sugestão de
que o motivo foi o inspetor ter
se recusado a aderir "à política
extra-oficial que impede funcionários da agência de contar
toda a verdade" sobre o Irã.
O porta-voz do comitê do
Congresso, Jamal Ware, admitiu que foi dito erroneamente
que o país tinha material para
construir armas, mas disse que
"não era nada substantivo",
pois isso estava só numa legenda. "Sobre as outras coisas aparentemente discordamos. Não
há erros no relatório." Um diplomata, sob anonimato, disse
que o caso é um "déjà vu do pré-guerra no Iraque", quando os
EUA acusaram Bagdá de ter armas de destruição em massa.
Negociações
O presidente iraniano baixou
o tom de seu discurso sobre a
questão nuclear ontem, dizendo-se aberto a "novas condições". "Estamos disponíveis,
prontos para novas condições."
Ele não explicitou se isso significava concordar com a suspensão, mas, no fim de semana,
o negociador iraniano Ali Larijani, em encontro com o chefe
de Política Externa da União
Européia, Javier Solana, cogitou suspender o programa nuclear por dois meses assim que
as negociações avançassem.
Os europeus se mostram dispostos a relevar a exigência da
suspensão prévia para negociar
-o que os EUA não aceitam.
Com agências internacionais
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