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Iraque cumpre só metade das metas, admite Casa Branca
Vice-presidente Dick Cheney acusa críticos de ignorar risco de "carnificina" e "caos" em caso de retirada dos EUA
Perspectiva de assumir Presidência com milhares de soldados no Iraque enfurece a oposição democrata, favorita na eleição de 2008
Kevin Lamarque/Reuters
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Bush janta com soldados na Virgínia, no chamado "tour de convencimento" sobre a guerra |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Enquanto George W. Bush e
seu vice, Dick Cheney, continuavam o que críticos chamaram de "tour de convencimento" da guerra, cujo ponto mais
importante foi o pronunciamento do presidente na quinta
à noite, a Casa Branca soltava
mais um relatório sobre a situação do Iraque. Segundo o levantamento, apenas metade de 18
metas de segurança e governabilidade estabelecidas pelos Estados Unidos foram cumpridas
pelo governo local.
Entre os objetivos não atingidos estão a independência das
forças de segurança de pressões
políticas, o controle das milícias e a aprovação de uma lei
sobre a divisão dos lucros obtidos com o petróleo entre as diversas etnias que compõem o
país. O documento era exigência do Congresso e dava o dia de
hoje como prazo para a Casa
Branca mostrar quais eram os
avanços, se obtidos, desde o último relatório, de julho.
Desde então, apenas uma
área evoluiu, segundo o texto
enviado pela Casa Branca: a
que previa o reaproveitamento
de membros do Exército iraquiano que haviam sido demitidos logo após a invasão do país,
em 2003, numa decisão do então representante do governo
norte-americano no Iraque,
Paul Bremer, que seria muito
criticada depois.
O texto veio se juntar a outro,
divulgado no mesmo dia pelo
Departamento de Estado, que
dá conta da liberdade religiosa
em diversos países do mundo.
No capítulo iraquiano, membros de todas as religiões são
caracterizados como potenciais "vítimas de assédio, intimidação, seqüestros e assassinatos". Ainda assim, segundo
John Hanford, responsável da
Chancelaria pelo assunto, é importante destacar que a atual
Constituição iraquiana garante
a liberdade religiosa.
A atitude do copo meio cheio
também foi adotada pelo porta-voz da Casa Branca, Tony
Snow, em relação ao primeiro
relatório. "Talvez seja a hora de
os membros do Congresso que
estiveram viciados na narrativa
do fracasso perceberem que estamos obtendo algum sucesso,
celebrar isso e dar crédito aos
sujeitos que estão fazendo isso", disse.
Reação democrata
Em visita à base dos fuzileiros navais em Quantico, no Estado da Virgínia, o presidente
Bush exortou o Congresso a
"prestar muita atenção" ao que
o general David Petraeus, comandante das tropas no Iraque, e o diplomata Ryan Crocker, embaixador em Bagdá, disseram durante a semana. Na
noite de quinta-feira, Bush
anunciou uma pequena redução no número de soldados no
Iraque, mas deixou claro que
um contingente de milhares estará no país árabe quando seu
sucessor, a ser eleito em novembro de 2008, tomar posse
em janeiro de 2009.
Alguns tons acima, em discurso em Grand Rapids (Michigan), o vice-presidente Dick
Cheney acusaria os que pedem
a saída dos EUA do Iraque de
ignorar a "carnificina" e o
"caos" que se seguiriam à retirada norte-americana. "Nos
pedidos que eu tenho ouvido
[pela retirada], essas conseqüências negativas não foram
negadas -foram simplesmente
ignoradas", afirmou o vice.
A reação democrata não tardou. "O que o presidente disse é
que, daqui a um ano, haverá o
mesmo número de soldados no
Iraque do que há um ano", disse
a senadora Hillary Clinton,
principal pré-candidata da
oposição à sucessão de Bush. "É
muito pouco e tarde demais, e
inaceitável para esse Congresso e para o povo americano, que
deixou bem claro seu forte desejo de trazer nossos corajosos
soldados de volta."
"Por mais que eles tentem
distorcê-lo, o relatório de hoje
da Casa Branca a respeito da situação política do Iraque mostra de novo que a política falha
de aumento de tropas do presidente não está funcionando",
concordou o líder da maioria
democrata no Senado, Harry
Reid. "Certamente não justifica
manter 130 mil soldados numa
guerra interminável, como o
presidente escolheu." Há hoje
168 mil militares no Iraque.
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