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Medo faz boliviano fugir para o Brasil
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PUERTO SUÁREZ
DA AGÊNCIA FOLHA
Famílias bolivianas estão
atravessando a fronteira em direção ao Brasil para fugir dos
conflitos iniciados na última
semana na capital do departamento de Pando, Cobija, que
faz divisa por uma ponte com as
brasileiras Epitaciolândia e
Brasiléia, no Acre.
Por telefone, o secretário de
Meio Ambiente de Epitaciolândia, José Menezes, disse que a
maioria vêm de Cobija e também de Porvenir, palco de um
massacre que deixou pelo menos 30 mortos, segundo o governo, na última quinta-feira.
Não há um número exato de
famílias "refugiadas". Com malas e trouxas nas mãos, elas viajam de ônibus, carroças, motocicletas e bicicletas. Segundo
Menezes, ela ficam em hotéis
ou em casa de parentes.
Dono de uma pousada em
Brasiléia, José Luiz Revollo
afirma que 70% dos leitos estão
ocupados por bolivianos. "Uns
40 estão aqui desde quinta.
Eles têm medo de represália, de
vandalismo e até de serem seqüestrados", disse Revollo.
Um boliviano disse, por telefone, que visitava amigos em
Cobija e veio ao Brasil por segurança -só volta ao país quando
a crise estiver solucionada.
A delegacia da Polícia Federal em Epitaciolândia informou
ter concedido, desde o início
dos conflitos, vistos de trânsito
para ao menos 30 funcionários
do governo boliviano que trabalhavam em órgãos públicos
tomados pelos manifestantes.
Na madrugada de ontem, vários bolivianos feridos a bala foram atendidos no Pronto Socorro de Brasiléia, mas apenas
um ficou internado, segundo a
enfermeira Neiva Badotti, 30.
Diego Arroio Bienkike, 19, com
perfuração por arma de fogo no
abdome, foi transferido ao hospital público de Rio Branco. Em
estado grave, precisava de um
especialista cardiovascular.
No hospital segue em estado
estável o brasileiro Jonas de
Souza, 22, atingido no tórax e
pernas com tiros de espingarda
em emboscada na Bolívia.
Invasão
Informados de uma suposta
possibilidade de uma intervenção militar em Santa Cruz de
La Sierra, na Bolívia, cerca de
300 opositores do presidente
Evo Morales invadiram e bloquearam no final da noite de
sábado a pista do aeroporto internacional de Puerto Suárez, o
mais importante da região da
fronteira com o Brasil em Corumbá (540 km de Campo
Grande).
De acordo com o presidente
do Comitê Cívico do município,
Edil Géricke Artega, dois aviões
Hércules pousariam naquela
noite para buscar tropas da 5ª
divisão do Exército boliviano,
que se deslocavam por terra
desde a localidade de Roboré, a
240 km dali.
"Os soldados seriam levados
para ajudar em um cerco a Santa Cruz. Agimos rápido para
impedir que pousassem", disse.
Não houve resistência por
parte dos militares, que se limitaram a guarnecer a base da
Força Aérea Boliviana que funciona ao lado do aeroporto.
Os manifestantes entraram
por volta das 23h, queimaram
pneus sobre a pista de pouso,
atearam fogo à vegetação ao redor da pista e deixaram o local
depois de cerca de três horas.
(KÁTIA BRASIL, MATHEUS PICHONELLI E
RODRIGO VARGAS)
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