DA REDAÇÃO

Um duplo atentado suicida atingiu ontem a Zona Verde, a área mais bem protegida de Bagdá, onde se localizam os principais prédios das autoridades da coalizão liderada pelos EUA e do governo interino iraquiano.
Seis civis, incluindo quatro americanos, morreram no atentado, outras 18 pessoas ficaram feridas. Os quatro mortos que são cidadãos dos EUA trabalhavam para a empresa de segurança privada DynCorp, que presta serviço à coalizão.
Os alvos do ataque foram um café frequentado tanto por civis quanto por soldados americanos e uma loja de presentes.
Os suicidas se explodiram ontem ao redor do meio-dia. Testemunhas afirmam que eles carregavam mochilas e ficaram em uma mesa do café durante 25 minutos tomando chá antes de detonarem as bombas. Mesmo distante da Zona Verde, era possível observar uma coluna de fumaça.
Cacos de vidro, cadeiras de plástico, sangue, comida e pedaços de carne humana ficaram espalhados pela área onde fica o café.
A ação suicida de ontem foi a primeira dentro da Zona Verde, que é protegida por centenas de soldados, muros de concreto de quatro metros de altura, trincheiras e cercas de arame farpado. A Zona Verde era considerada um oásis de segurança dentro da capital iraquiana, apesar de morteiros serem usados para disparar obuses contra a área, sem provocar feridos na maioria das vezes.
O grupo Tawhid e Jihad, comandado pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, assumiu a autoria do duplo atentado. Na reivindicação, o grupo ironizou os americanos ao afirmar que conseguiu cometer um ataque até mesmo dentro da fortificada Zona Verde.
Essa organização terrorista é responsável por dezenas de ataques e seqüestros que visaram americanos e cidadãos de outros países da coalizão. Os EUA oferecem US$ 25 milhões por informações que levem à captura ou à morte de Al Zarqawi, que é acusado de ligação com a Al Qaeda.
Autoridades americanas já determinaram uma revisão de toda a segurança da Zona Verde após o duplo atentado. Na semana passada, uma bomba já havia sido desativada diante do mesmo café que foi alvejado ontem.
"Toda vez que ocorre um incidente como esse, nós automaticamente verificamos o que pode ser feito para melhorar a segurança de todos que vivem e moram nessa área [Zona Verde]", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Richard Boucher. Americanos e iraquianos que trabalham na Embaixada dos EUA em Bagdá foram aconselhados a não sair do complexo diplomático na Zona Verde.
O governo iraquiano prometeu retaliar o ataque. "Nós enviamos uma mensagem aos terroristas e afirmamos que os atacaremos onde quer que eles estejam", disse o assessor de Segurança Nacional do Iraque, Kassim Daoud.
O duplo atentado também elevou o temor do incremento dos ataques durante o Ramadã (mês sagrado dos islâmicos), que foi um dos mais violentos em 2003.

Fallujah
Horas após moradores de Fallujah abandonarem as negociações com autoridades iraquianas para encerrar os confrontos, os EUA bombardearam diversos alvos da cidade. Segundo os americanos, esses locais são usados por insurgentes, entre eles o terrorista Al Zarqawi. Não há informação de vítimas nesse bombardeio, mas ataques no início do dia mataram cinco. Em confrontos em Ramadi, também no Triângulo Sunita, oito iraquianos foram mortos.