São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Acusação mais grave se refere à morte de 2 afegãos em 2002

EUA devem julgar 28 por tortura

Emilio Morenatti/Associated Press
Viúvas afegãs fazem fila para receber ajuda mensal humanitária


DA REDAÇÃO

Pelo menos 28 soldados americanos devem ser indiciados pela morte, há dois anos, de dois detentos em uma prisão administrada pelos EUA no Afeganistão.
As acusações mais graves são de homicídio culposo (sem intenção) e mutilação, segundo informou ontem o Exército dos EUA. Outras acusações incluem agressões, maus-tratos e conspiração.
O indiciamento dos soldados por "possível culpabilidade" nas mortes foi recomendada pela Divisão de Investigação Criminal do Exército após quase dois anos de apuração. Os soldados não foram identificados.
As mortes, ocorridas em dezembro de 2002, foram classificadas de homicídio por médicos militares dos EUA. No primeiro caso, Mullah Habibullah, com idade estimada em 28 anos, morreu devido a "embolia pulmonar causada por ferimentos de força bruta nas pernas".
Uma semana depois, um afegão identificado apenas como Dilawar, 22, morreu em decorrência de "ferimentos de força bruta nas extremidades inferiores, complicando doença coronária". Ambos estavam presos na base aérea de Bagram, ao norte de Cabul.
Até hoje, apenas um policial militar reservista, o sargento James Boland, foi formalmente acusado de agressão e abandono do dever, em conexão com as mortes.
Alguns dos 28 soldados fazem parte do batalhão de Fort Bragg - que já teve alguns de seus membros acusados de abuso de detentos da prisão iraquiana de Abu Ghraib, perto de Bagdá. Dos sete acusados, dois foram condenados por tortura.
Jumana Musa, da Anistia Internacional, disse que a investigação levou muito tempo. "A falha em explicar rapidamente as mortes dos prisioneiros indica uma fria desconsideração pelo valor da vida humana e pode ter dado espaço para abusos em Abu Ghraib e outros lugares", disse.

Misericórdia
Ontem, os advogados de defesa de um soldado dos EUA acusado de assassinato no Iraque disseram que o caso não deveria ir para a corte marcial porque se tratou de uma morte "por misericórdia".
O capitão do Exército Rogelio Maynulet, 29, é acusado de matar um motorista que havia sido ferido a bala por soldados em busca de militantes leais ao clérigo xiita Moqtada al Sadr em maio, perto de Kufa. Sua defesa argumentou que os ferimentos tornavam a morte do motorista inevitável.

Com agências internacionais

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