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ONU impõe sanções sobre Coréia do Norte
Embaixador norte-coreano na ONU adverte que novas pressões dos EUA sobre seu país serão entendidas como "declaração de guerra"
Rússia e China pedem que ações sejam temporárias; texto veta possibilidade
de qualquer tipo de ação militar contra Pyongyang
DA REDAÇÃO
Após uma semana de intensas negociações, o Conselho de
Segurança da ONU aprovou
por unanimidade na tarde de
ontem a adoção de sanções
contra a Coréia do Norte (veja
quadro ao lado). O país asiático,
que testou uma bomba nuclear
na última segunda, rejeitou
imediatamente a resolução e
afirmou, por meio de seu embaixador na ONU, que novas
pressões norte-americanas sobre Pyongyang serão recebidas
como "declaração de guerra".
"Se os EUA aumentarem a
pressão, a República Popular
Democrática da Coréia continuará a tomar contramedidas
físicas, considerando isso uma
declaração de guerra", disse o
embaixador Pak Gil Yon. Ele se
referiu à resolução como "um
ato de gângsteres" e deixou a
sala do conselho. Nesta semana, a secretária de Estado dos
EUA, Condoleezza Rice, vai à
China, à Coréia do Sul e ao Japão para debater a questão.
Versão atenuada
A votação de ontem aconteceu quatro horas depois do previsto, após negociações que o
representante russo descreveu
como "tensas" para desfazer
obstáculos apresentados por
Moscou e Pequim -que como
membros permanentes têm direito a veto no CS, assim como
Washington, Londres e Paris.
O texto aprovado é a terceira
-e diluída- versão da proposta apresentada pelos EUA no
início da última semana. Nele
os 15 membros do Conselho
exigem que a Coréia do Norte
elimine todas as suas armas nucleares e desmantele seu programa nuclear sem pré-condições, mas descartam explicitamente uma ação militar -uma
concessão a Pequim e Moscou.
O embaixador dos EUA,
John Bolton, afirmou, no entanto, que seu país pedirá novas
medidas se Pyongyang insistir
em manter o programa nuclear
-mais cedo, o presidente George W. Bush havia exortado, em
um discurso de rádio, a aprovação de "sanções duras", para
que "o regime norte-coreano lidasse com as reais conseqüências" do teste nuclear.
A resolução condena o teste e
pede a retomada imediata das
negociações em seis partes, que
envolvem Coréia do Norte, Coréia do Sul, Japão, China, Rússia e EUA e foram suspensas
por Pyongyang no ano passado.
Em uma vitória norte-americana, o texto evoca o Capítulo 7
da Carta da ONU, que constata
"ameaça à paz internacional" e
torna mandatória a adoção de
sanções econômicas e diplomáticas contra a Coréia do Norte.
A resolução acabou sendo
aprovada com o item que havia
travado a votação: a inspeção,
por parte de qualquer país, de
navios de carga que zarpem ou
rumem para a Coréia do Norte,
a fim de evitar tráfico de itens
proibidos.
Inspeção local
Os EUA já haviam cedido ao
incluir no texto a determinação
de que autoridades locais participem das inspeções.
Mas China e Rússia, que têm
fronteiras com a Coréia do
Norte, temem ações perto de
suas costas. Pequim, mesmo
após a votação, seguiu dizendo
que o item era "inaceitável".
Mais cedo, o embaixador chinês na ONU, Wang Guangya,
havia dito estar "preocupado
com o que essa resolução pode
provocar". "A idéia de interceptação, uma vez posta em prática, pode facilmente levar um lado ou o outro a provocar um
conflito com sérias implicações
para os países da região", havia
afirmado.
Já o ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, afirmou em
Moscou que as medidas devem
ser temporárias. "Concordamos que os meios de pressão
política do CS sobre a Coréia do
Norte não devem durar indefinidamente e que, se o país retomar as negociações em seis partes e essas negociações progredirem, as sanções deverão
acabar automaticamente."
Com agências internacionais
"Hoje estamos
mandando uma
mensagem clara para a
Coréia do Norte e outros
proliferadores de que
haverá repercussões
sérias se eles seguirem
buscando armas de
destruição em massa"
JOHN BOLTON
embaixador dos EUA na ONU
"Se os EUA aumentarem
a pressão, a República
Popular Democrática da
Coréia continuará a
tomar contramedidas,
considerando isso
declaração de guerra"
PAK GIL YON
embaixador da Coréia do Norte na ONU
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