São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007

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Chefe do Exército turco vê risco para relação com EUA

Para general, resolução sobre genocídio compromete cooperação militar

Presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi afirma que levará proposta a votação, apesar de apelos da Casa Branca

DA REDAÇÃO

O poderoso chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Turquia, general Yasar Buyukanit, disse que, se o Congresso norte-americano aprovar a resolução que qualifica como genocídio a morte de cerca de 1,5 milhão de armênios por turcos otomanos em 1915, as relações de Ancara com a Otan (aliança militar ocidental) nunca mais serão as mesmas.
A Turquia é um aliado-chave de Washington e tem servido como base logística para que os Estados Unidos sustentem a guerra no Iraque.
Analistas acreditam que a resolução sobre o genocídio poderia reduzir a influência de Washington sobre Ancara e aumenta a probabilidade de os turcos fazerem incursões no norte do Iraque para caçar rebeldes curdos que usam território iraquiano para lançar ataques à Turquia. "Se a resolução aprovada pela comissão for aceita pelo plenário da Câmara, nossas relações militares com os EUA nunca mais serão as mesmas, disse Buyukanit ao jornal "Milliyet".
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que é democrata e faz oposição a Bush, disse ontem que pretende levar a proposta a votação, apesar de a Casa Branca ter manifestado preocupação com os efeitos que uma aprovação teria sobre as relações com a Turquia.
O governo turco deve obter nesta semana autorização do Parlamento para realizar uma grande operação militar contra militantes do separatista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) que se escondem nas montanhas iraquianas.
No sábado, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, pediu ao governo turco que mantenha a calma e evite grandes operações militares. A Casa Branca teme que uma grande incursão turca desestabilize o norte do Iraque, a única área relativamente tranqüila do país. O Exército turco disparou anteontem à noite sete ou oito salvas de artilharia contra um vilarejo iraquiano.
Ancara chamou de volta para consultas seu embaixador nos EUA depois que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou a resolução do genocídio. A medida, que é simbólica, foi proposta por um deputado da Califórnia cujo distrito tem uma grande comunidade armênia. A votação em plenário está prevista para ocorrer em meados de novembro.
Ontem, republicanos pediram a Nancy Pelosi que bloqueie a resolução.
Na semana passada, o presidente Bush expressou suas preocupações: "Essa resolução não é a resposta certa para essas matanças históricas, e sua aprovação causará grandes danos nas relações com um aliado-chave na Otan e na guerra contra o terrorismo".


Com agências internacionais


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