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Diante da crise, democratas e republicanos aderem a Keynes
EDWARD LUCE
DO "FINANCIAL TIMES"
Richard Nixon certa vez disse que "agora somos todos keynesianos", em reconhecimento
à influência de John Maynard
Keynes. Mas a estagflação sob
seu governo, nos anos 70, tirou
de moda o grande economista
britânico. Agora, ele parece estar de volta.
Alguns meses atrás, Barack
Obama teria considerado arriscado demais propor um pacote
de gastos públicos tão vultosos
em data tão próxima a uma
eleição. Sob Bill Clinton, na década de 90, o Partido Democrata construiu uma reputação de
conservadorismo fiscal, legando superávit orçamentário a
George W. Bush quando este
assumiu, em 2001.
Bush deve legar ao seu sucessor um déficit estimado em
US$ 430 bilhões para 2009, e,
com os pacotes anticrise, o número deve subir para mais perto de US$ 1 trilhão. Mais importante é o fato de que Bush deixará como legado o reconhecimento de que os mercados não
são necessariamente eficazes
em termos de auto-regulamentação. "Da mesma maneira que
não existem ateus nas trincheiras, não existe fundamentalismo de mercado em uma crise
como esta", disse Jared Bernstein, assessor de Obama.
O recuo ao keynesianismo
toma formas diferentes. Para
os republicanos, é hora de propor novos cortes de impostos
para as pequenas empresas, incluindo a suspensão do imposto sobre os ganhos de capital.
Para os democratas, a preferência é por ampliar o seguro-desemprego e as medidas de auxílio aos proprietários de casas
que enfrentam dificuldades
com o crédito imobiliário.
Outros, entre os quais Lawrence Summers, recomendaram investir em infra-estrutura. Uma das famosas recomendações de Keynes era enterrar
dinheiro e pagar para que as
pessoas o encontrassem.
Mas a teoria keynesiana também teria aconselhado que o
governo Bush acumulasse um
superávit orçamentário nos
anos de crescimento, entre
2002 e 2007, para dispor de
maior poder de fogo em crises
como a atual. Isso sugeriria um
retorno à disciplina orçamentária quando o crescimento tiver sido restaurado.
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