São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2010

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Em área do Hizbollah, Ahmadinejad ataca Israel

No Líbano, presidente do Irã pede "resistência" contra os israelenses

Iraniano se encontra por 2º dia seguido com líderes libaneses e o chefe do Hizbollah, mostrando influência

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Os israelenses já estão habituados às pregações do presidente do Irã defendendo o fim do Estado judeu.
Mas elas jamais aconteceram tão de perto como ontem, quando Mahmoud Ahmadinejad encerrou sua visita ao Líbano com um discurso a poucos quilômetros da fronteira com Israel.
"O mundo deve saber que os sionistas irão perecer", disse Ahmadinejad a uma plateia com milhares de pessoas em Bint Jbeil, no extremo sul do Líbano.
Reconstruída com financiamento iraniano após ter sido uma das mais atingidas por Israel na guerra de 2006 contra o grupo xiita Hizbollah, Bint Jbeil virou o palco perfeito para as bravatas de Ahmadinejad.
Desta vez, com vista para o arqui-inimigo.
"Os sionistas não vão durar muito", exclamou Ahmadinejad, que pediu à plateia de seguidores do Hizbollah que continue a "resistência" contra Israel. "Tragam derrota para os sionistas."
O discurso no sul do Líbano, onde a maioria da população é xiita como o presidente iraniano, era o momento mais esperado da visita de Ahmadinejad ao Líbano, a primeira desde que ele assumiu o poder, em 2005.
Bastião do Hizbollah, o sul do Líbano se enfeitou com milhares de bandeiras do Irã e do grupo xiita e preparou uma grande festa, como nenhum outro líder estrangeiro jamais recebera.
Mas o estabilishment não xiita do Líbano também se curvou à influência iraniana. Ahmadinejad foi recebido pela segunda vez em dois dias pelo presidente do país, Michel Suleiman, e pelo premiê, Saad Hariri.
Teve tempo de ser homenageado com um título de doutor honorário na Universidade de Beirute antes de ser levado de helicóptero à fronteira com Israel.
O estádio repleto em Bint Jbeil e o tratamento de pop star dado pela plateia xiita coroaram a visita de Ahmadinejad e fizeram lembrar que o Líbano é o único país do mundo em que o polêmico presidente iraniano é recebido com honras de herói.
"O sucesso do Irã em ajudar o Hizbollah a se tornar a força dominante no Líbano e a ter um papel importante no confronto israelo-palestino talvez seja o único triunfo da política externa da Revolução Islâmica do Irã", escreveu o analista Rami Khouri, no jornal "Daily Star".

SEM PEDRAS
Contrariando os rumores que precederam a visita, Ahmadinejad não foi até a cerca que demarca a fronteira para jogar pedras contra Israel. Helicópteros israelenses sobrevoaram a região durante o discurso do iraniano, que terminou sem incidentes.
Israel considera o Irã uma ameaça existencial, pelas declarações explosivas de seu líder e pelo programa nuclear, que afirma ter objetivo militar, ao contrário do que afirma Teerã.
"Nós ouvimos hoje os xingamentos que vieram da fronteira", disse o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. "A melhor resposta aos detratores foi dada 62 anos atrás, o Estado que nós construímos."
Antes de deixar o Líbano, Ahmadinejad ainda se encontrou mais uma vez com o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, de quem recebeu um presente: a arma de um soldado israelense capturada durante a guerra de 2006.


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