São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Terremoto no Chile mata ao menos dois e fere 135

Em Tocopilla, cidade próxima ao epicentro, 40% das casas foram destruídas

Com cortes de eletricidade, trabalhos foram suspensos nas minas de cobre do país que tem a maior produção mundial, e preços subiram

DA REDAÇÃO

Um terremoto de magnitude 7,7 na escala Richter atingiu ontem o norte do Chile às 12h43 (13h43 em Brasília) e matou ao menos duas pessoas, segundo autoridades locais. A Agência Nacional de Emergência do Chile (Onemi) informou que há ainda 135 feridos e danos em estruturas e redes de comunicação. Santiago, cidades no Peru e na Bolívia e até São Paulo sentiram o tremor. O epicentro do abalo -que ficou a apenas 1,3 grau do topo da escala- foi registrado 35 km a leste da cidade de Tocopilla, 1.632 km ao norte de Santiago, a uma profundidade de 59 km.
Depois de anunciar que não alteraria sua agenda, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, decidiu encabeçar uma delegação de ministros enviada ao norte do país, onde deverá chegar hoje. Quatro caminhões com víveres também foram mandados, e um avião da Força Aérea irá ao local do desastre nesta manhã.
O Consulado do Brasil em Santiago disse que não há relatos de brasileiros feridos, mas que continua fazendo contatos na região atingida. O número de mortos ainda pode aumentar. Cerca de 50 pessoas que trabalhavam no túnel Galleguillos, por onde passa uma rodovia no norte do país, ficaram presos quando a estrutura desabou devido ao tremor. À noite, o capitão Inácio Rojas, da Marinha, disse a um canal de TV local que "há novas informações dando conta de que mais pessoas estão presas".
A cidade mais atingida foi Tocopilla, onde Olga Ortiz, 54, e Leontina Espejo, 88, morreram quando suas casas desabaram. Outras 115 pessoas se feriram e 40% das edificações da cidade foram afetadas, informou à Folha Paola Miralles, do centro de informações da Onemi. O prefeito da cidade, Luis Moyano, disse que ao menos 4.000 pessoas estavam desabrigadas. "Os cidadãos terão de dormir nas ruas", afirmou ele.
Em María Elena, outras 20 pessoas ficaram feridas. Tocopilla, María Elena e San Pedro ficaram também sem comunicação telefônica e de rádio. Em Antofagasta, cinco pessoas ficaram feridas, e o tremor cortou a energia temporariamente. Também houve danos em estruturas na cidade. No hotel Radisson, a fachada desmoronou, esmagando carros estacionados. Ninguém se feriu. "Estamos funcionando normalmente. Os hóspedes continuam aqui", disse à Folha Francisco Gongora, chefe de manutenção do hotel. "Só saímos para a rua durante o terremoto -e já vi maiores." Segundo autoridades de Antofagasta, os cidadãos foram beneficiados por um treinamento de emergência realizado em agosto último, do qual participaram 50 mil pessoas.
O país chegou a lançar um alerta para tsunamis, mas o suspendeu ontem mesmo. Em Santiago, o terremoto não causou danos. "Nem saímos do escritório. Estamos acostumados com esses pequenos tremores", disse a conselheira Sheila de Oliveira, do consulado brasileiro, por telefone, à Folha. "Este foi grande, mas estamos preparados", avaliou Paola Miralles.

Riqueza natural
Vários tremores secundários atingiram a região durante a tarde. Em Calama, a 100 km do epicentro, a grande mina de cobre de Chuquicamata, da empresa Codelco, interrompeu os trabalhos por cerca de duas horas devido a cortes de energia. O Chile é o principal produtor mundial de cobre, sendo responsável por um terço da produção anual do minério. O preço do cobre subiu até 6,29% ontem em Nova York devido aos relatos sobre o tremor. Em episódios não relacionados, um terremoto de 5,6 graus sacudiu El Salvador e Guatemala, sem danos. Na Argentina, outro tremor, de 4,5 graus, foi sentido 1.260 km a oeste de Buenos Aires.


Com ANDREA MURTA e agências internacionais


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