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Restrepo será enviado dos EUA à América Latina
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O presidente eleito dos
EUA, Barack Obama, recriará o cargo de enviado especial para a América Latina, à
imagem dos que existem tratando-se de regiões importantes -caso do Oriente Médio. É um ponto a mais na escala diplomática.
Já se sabe inclusive que há
um favorito para ocupá-lo,
Dan Restrepo, 37, filho americano de pai colombiano e
mãe espanhola. Restrepo é
um dos diretores do Center
for American Progress, que
se mostra influente sobre
Obama. Seu presidente,
John Podesta, é o chefe da
equipe de transição montada
pelo presidente eleito.
O Center for American
Progress é liberal, no sentido
americano do termo, e se
contrapõe aos think-tanks
(institutos) neoconservadores, como a Heritage Foundation e o American Enterprise Institute, que assumiram a linha de frente na era
Bush.
O centro de Restrepo tem
forte presença de gente ligada a Bill Clinton -o próprio
Podesta foi chefe de gabinete, um misto de chefe de
equipe com chefe da Casa Civil, do ex-presidente. Restrepo cuida de projetos relacionados com as Américas, o
que envolve inclusive as relações dos Estados Unidos
com Cuba. Foi "autor intelectual", segundo a "Latin
American Newsletter", do
principal discurso de Obama
sobre a América Latina, feito
em Miami em 23 de maio.
Antes de ingressar no Center for American Progress,
Restrepo integrou a equipe
democrata da Comissão de
Relações Exteriores da Câmara. Atuou na transição no
Haiti, que recuperou, bem ou
mal, as regras democráticas,
e no complicado processo de
consolidação da paz na América Central -tarefa delicada
de dar um jeito nos trágicos
destroços produzidos pelo
governo Reagan (1981-89).
O curioso é que a maioria
dos latino-americano parece
(ou ao menos parecia) não
esperar muita coisa de Obama. Pesquisa feita pelo Latinobarómetro na região ainda
durante a campanha eleitoral americana constatou que
cerca de 60% dos consultados, entre nós, não viam nenhuma diferença entre os
dois candidatos, em se tratando de relações com a
América Latina.
Obama ainda conseguiu
magros 29% como o mais
conveniente para a região -o
republicano John McCain ficou com 8%.
A expectativa é pelo que
Obama apresentará "de concreto" na Cúpula das Américas em abril de 2009. É considerado de pouca valia, do
ponto de vista latino-americano, segundo a "Latin American Newsletter", o documento de 13 páginas do Partido Democrata falando vagamente de um "nova parceria das Américas".
Talvez maior sensibilidade
em relação à pobreza, o que
não é dom de George W.
Bush, com um discurso de
"avanço da democracia com
segurança e oportunidade
para os de baixo". Mas há risco de muita retórica e pouca
ação, mesmo com um enviado especial em campo.
O jornalista NEWTON CARLOS é especialista em assuntos internacionais
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