São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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Dissidente pede diálogo com junta de Mianmar

Nobel da Paz Aung San Suu Kyi foi libertada anteontem por militares

Em discurso para 4.000 simpatizantes, ativista defende democracia e reconciliação para o país do Sudeste Asiático

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No aguardado primeiro discurso desde que foi libertada anteontem, a prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, 65, pediu a "reconciliação nacional" de Mianmar (ex-Birmânia).
Disse ainda estar disposta a conversar com a junta militar que a manteve encarcerada por 15 dos últimos 21 anos.
"Estou preparada para conversar com qualquer um. Não guardo ressentimento de ninguém", disse.
Os birmaneses assistiram em grande número ao discurso, em frente à sede de seu partido, na cidade de Yangun, a maior do país.
Cerca de 4.000 pessoas teriam comparecido.
Suu Kyi pediu que as pessoas se manifestem sobre o que desejam.
Ela revelou que, durante o último período que passou presa, em sua casa, ficava atenta ao rádio para identificar as necessidades do povo.
Para ela, falta às pessoas participação política para reivindicar melhores condições de vida. "Vocês têm que se levantar para o que é certo. A luta de apenas uma mulher não é democracia."
Os policiais, como na ocasião de sua libertação, não se envolveram.
O jornal do governo, "The New Light of Myanmar" (a nova luz de Mianmar), noticiou o fim da pena.
A reportagem disse que ela recebeu o perdão por causa do bom comportamento, além de afirmar que a polícia "está pronta para conceder o apoio que precisar".
O general Than Swe, que governa o país sob rigoroso controle das vozes opositoras, considera "a dama", como Suu Kyi é chamada, uma ameaça para o regime.
Em entrevista à rede de televisão britânica BBC, a dissidente disse que é hora de "resolver as diferenças" com os generais que estão no poder.
"Precisamos conversar uns com os outros, descobrir o porquê das discordâncias e tentar remover as razões dessas diferenças", propôs.
Diplomatas esperam que Suu Kyi trabalhe para derrubar as sanções impostas por países ocidentais a Mianmar. Um terço da população de 50 milhões vive na pobreza.
A expectativa é que ela reconstrua seu partido, a Liga Nacional pela Democracia, vencedor de eleições em 1990 que foram ignoradas pela junta militar.
A ativista disse que seu objetivo é orquestrar uma aliança que reúna as lideranças democráticas do país.
"Nós a consideramos uma líder nacional, e ela não pertence a nenhum grupo ou partido", disse Khin Maung Swe, líder da Força Democrática Nacional, de oposição.


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