São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMÉRICA LATINA
As Farc, o maior grupo armado da Colômbia, propõem que o governo brasileiro intermedeie processo de paz
Guerrilha quer usar diplomacia do Brasil

LUÍS EBLAK
da Redação

As Farc -principal grupo guerrilheiro da Colômbia- querem usar a diplomacia brasileira para intermediar o processo de paz com o governo colombiano.
Desde a semana passada, um dos comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Hernán Ramírez, está em Brasília negociando com parlamentares a viabilização da idéia.
Primeiro, o grupo quer ser reconhecido politicamente no Brasil. Depois, a guerrilha abriria um escritório regional em Brasília e, assim, iniciaria as conversas com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ramírez espera aproveitar a experiência brasileira para chegar à paz na Colômbia. "O governo de Brasília resolveu o problema do conflito entre Peru e Equador. Acredito que poderia nos ajudar também", disse à Folha, por telefone, na quarta-feira passada.
No último dia 26, peruanos e equatorianos assinaram acordo de paz em Brasília, colocando fim a mais de 40 anos de conflito.
Os brasileiros tiveram grande participação nas negociações.
As Farc, com cerca de 12 mil homens, é o maior grupo guerrilheiro da Colômbia.
Ramírez e Oliviero Medina, representante das Farc no Brasil, têm se reunido com parlamentares brasileiros para discutir o projeto.
Já se encontraram com os deputados tucanos Tuga Angerami (SP) e Artur Virgílio (AM), também secretário-geral do PSDB.
Ambos os parlamentares apóiam a atuação brasileira. Angerami já tem um histórico: participou da campanha de reconhecimento da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) no Brasil, nos anos 80.
"O Brasil tem grande importância diplomática na América Latina. Podemos ajudar a Colômbia a pôr fim aos conflitos", disse Virgílio.

Possibilidades
O Itamaraty informou que desconhece oficialmente a proposta das Farc e, por isso, não poderia falar sobre a viabilidade da idéia.
Historicamente, o governo brasileiro não tem o costume de negociar com grupos guerrilheiros.
As chances das Farc existiriam desde que o grupo saísse da clandestinidade. Na Colômbia, pelo menos, o presidente Andrés Pastrana (conservador) já deu status político à organização.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.