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AMÉRICA LATINA
As Farc, o maior grupo armado da Colômbia, propõem que o governo brasileiro intermedeie processo de paz
Guerrilha quer usar diplomacia do Brasil
LUÍS EBLAK
da Redação
As Farc -principal grupo guerrilheiro da Colômbia- querem
usar a diplomacia brasileira para
intermediar o processo de paz com
o governo colombiano.
Desde a semana passada, um dos
comandantes das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia,
Hernán Ramírez, está em Brasília
negociando com parlamentares a
viabilização da idéia.
Primeiro, o grupo quer ser reconhecido politicamente no Brasil.
Depois, a guerrilha abriria um escritório regional em Brasília e, assim, iniciaria as conversas com o
governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Ramírez espera aproveitar a experiência brasileira para chegar à
paz na Colômbia. "O governo de
Brasília resolveu o problema do
conflito entre Peru e Equador.
Acredito que poderia nos ajudar
também", disse à Folha, por telefone, na quarta-feira passada.
No último dia 26, peruanos e
equatorianos assinaram acordo de
paz em Brasília, colocando fim a
mais de 40 anos de conflito.
Os brasileiros tiveram grande
participação nas negociações.
As Farc, com cerca de 12 mil homens, é o maior grupo guerrilheiro
da Colômbia.
Ramírez e Oliviero Medina, representante das Farc no Brasil, têm
se reunido com parlamentares
brasileiros para discutir o projeto.
Já se encontraram com os deputados tucanos Tuga Angerami (SP)
e Artur Virgílio (AM), também secretário-geral do PSDB.
Ambos os parlamentares apóiam
a atuação brasileira. Angerami já
tem um histórico: participou da
campanha de reconhecimento da
OLP (Organização para a Libertação da Palestina) no Brasil, nos
anos 80.
"O Brasil tem grande importância diplomática na América Latina.
Podemos ajudar a Colômbia a pôr
fim aos conflitos", disse Virgílio.
Possibilidades
O Itamaraty informou que desconhece oficialmente a proposta
das Farc e, por isso, não poderia falar sobre a viabilidade da idéia.
Historicamente, o governo brasileiro não tem o costume de negociar com grupos guerrilheiros.
As chances das Farc existiriam
desde que o grupo saísse da clandestinidade. Na Colômbia, pelo
menos, o presidente Andrés Pastrana (conservador) já deu status
político à organização.
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