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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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FIM DA CAÇADA

Ex-ditador estava foragido desde abril

EUA capturam Saddam Hussein

Fotos Sabah Arar/France Presse e Associated Press
PRISIONEIRO Fotos do ex-ditador Saddam Hussein, que teve os dentes e a cabeça examinados depois de ser capturado anteontem pelos EUA, inclusive para coleta de material para teste de DNA

DA REDAÇÃO

A caçada de oito meses por Saddam Hussein, 66, chegou ao fim. O ex-ditador iraquiano foi preso anteontem pelas forças dos EUA, que receberam informações de um membro do regime deposto capturado anteriormente.
A captura dá alento à ocupação americana e à transição de poder aos iraquianos, prevista para julho, já que a possibilidade da volta de Saddam amedrontava o governo transitório e os iraquianos após 25 anos de ditadura sangrento. Seu julgamento, ainda indefinido, deve expor publicamente seus crimes e servir para justificar a Guerra do Iraque e a ocupação, impulsionando a campanha de Bush para as eleições de 2004.
Em entrevista, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que Saddam é considerado prisioneiro de guerra. "Ele será tratado de acordo com a Convenção de Genebra."
A operação, batizada de "Red Dawn" (alvorada vermelha), ocorreu no início da noite de sábado, mas as primeiras informações oficiais só foram divulgadas por volta das 13h de ontem (8h em Brasília) pelo Conselho de Governo Iraquiano. Duas horas depois, o americano Paul Bremer, que lidera a Autoridade Provisória da Coalizão, fez o anúncio formal.
"Senhoras e senhores, nós o pegamos", disse o governante interino do Iraque a uma platéia de jornalistas e militares, que explodiu em aplausos. "Este é um grande dia na história do Iraque... O tirano é um prisioneiro."
"Ele foi pego como um rato", disse o general Ray Odierno, comandante da 4ª Divisão de Infantaria. "É muito irônico que ele estivesse em um buraco, do lado oposto do rio onde há tantos palácios construídos com dinheiro roubado do povo iraquiano."
Saddam foi achado escondido em um buraco cavado num sítio no povoado de Ad Dawr, 15 km ao sul da cidade em que foi criado, Tikrit, no noroeste iraquiano.
Abatido e "aparentemente desorientado", segundo Odierno, o ex-ditador não impôs resistência. Ao contrário da operação que resultou na morte de seus filhos Uday e Qusay, em julho, nenhum tiro foi disparado.
A operação toda, deflagrada a partir de uma informação dada por um aliado de médio escalão de Saddam sob custódia americana, durou cerca de três horas e envolveu 600 soldados. Uma vez retirado de seu esconderijo, o ex-ditador foi levado de helicóptero para um centro de detenção dos EUA. Ali, foi identificado pelo ex-vice-premiê Tariq Aziz e submetido a exames de saúde e de DNA.
Relatos de que Saddam já teria sido levado por razões de segurança a outro país, como o vizinho Qatar, onde os EUA têm uma base, não foram confirmados.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que Saddam está preso em local não divulgado e que não está cooperando, embora esteja "obediente".
"Nos últimos dez dias, capturamos de cinco a dez membros de famílias que poderiam nos dar mais informações. Finalmente, conseguimos a informação decisiva de um deles", disse Odierno.
Não se sabe ainda se o homem que deu a informação, por ser um membro detido do regime deposto, receberá a recompensa de US$ 25 milhões oferecida pelos EUA.
Os EUA vinham caçando Saddam desde o início de abril, quando tomaram Bagdá. Desde então, capturaram ou mataram 40 dos 55 iraquianos mais procurados.
Mas Saddam continuava desaparecido, apesar das intensas buscas sobretudo na região do Triângulo Sunita -um pólo de ataques às forças de coalizão, do qual Tikrit é um dos vértices.

Com agências internacionais

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