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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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Blair diz que captura trará "reconciliação"

DA REDAÇÃO

Desgastado pelo apoio aos Estados Unidos na Guerra do Iraque, o premiê britânico, Tony Blair, comemorou a captura do ex-ditador Saddam Hussein, afirmando que ela abrirá espaço para "unidade e reconciliação".
"A sombra de Saddam finalmente deixou o povo iraquiano. Nós agradecemos muito por isso, mas vamos fazer disso mais do que uma simples comemoração", disse Blair, em Londres.
"Onde seu governo significava terror, divisão e brutalidade, que sua captura traga unidade, reconciliação e paz entre todas as pessoas do Iraque."
Blair enfrentou uma grande oposição por sua decisão de enviar tropas à Guerra do Iraque e está seguro de que a captura será uma alavanca política. Blair e o presidente George W. Bush conversaram por telefone pouco antes das declarações do premiê.
O premiê disse que a população iraquiana pode agora ter certeza de que o violento regime do ex-ditador realmente acabou. "São eles que decidirão seu destino."
Blair disse que os aliados sunitas de Saddam e ex-membros do partido governista Baath poderiam ter uma função num futuro Iraque democrático. "Podemos colocar o passado para trás."

França e Brasil
A França, que se opôs à Guerra do Iraque e atravessa uma relação turbulenta com os EUA, disse que a captura ajudará a estabilizar o país e o levará à sua soberania.
"É um grande evento, que deve contribuir bastante para a democracia e a estabilidade no Iraque e permitir que os iraquianos controlem o seu destino", disse o presidente Jacques Chirac.
Em nota à imprensa, o governo brasileiro disse que a prisão representa "um ponto de inflexão na situação iraquiana e conta que contribuirá para acelerar o processo de transição ao autogoverno pelo povo iraquiano". O governo brasileiro voltou a defender um envolvimento maior da ONU.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que tem sido crítico da Guerra do Iraque, disse, em nota, que a captura de Saddam é uma oportunidade para "renovar o ímpeto à busca da paz e da estabilidade no Iraque".
Annan reiterou a disposição da ONU para fazer todo o possível para ajudar os iraquianos "caso seja solicitado e se as circunstâncias permitirem".
A ONU retirou seus funcionários estrangeiros do Iraque depois que um atentado em Bagdá, em agosto passado, matou 22 pessoas, entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
O chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, que também se opôs à Guerra do Iraque, cumprimentou o presidente George W. Bush. "Com muita alegria eu recebi a notícia da prisão de Saddam", escreveu Schröder, em carta a Bush divulgada pelo governo alemão. "Eu o cumprimento nessa ação bem-sucedida."
Moscou espera que a captura contribua para o processo iraquiano de organização política, segundo o chanceler Igor Ivanov.
O governo espanhol, outro país que apoiou a guerra, também comemorou a notícia. "É a hora de ele pagar por seus crimes", disse o premiê José María Aznar.
O premiê israelense, Ariel Sharon, disse que havia ligado para Bush cumprimentando-o pela prisão, classificada por ele como uma "vitória na luta contra o terrorismo internacional". Em 1991, na Guerra do Golfo, o Iraque disparou mísseis contra Israel.


Com agências internacionais


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