São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Na véspera, presidente assume responsabilidade pela decisão de invadir o país e sustenta que agiu corretamente

Bush admite "erros" da inteligência no Iraque

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Na véspera das eleições parlamentares no Iraque, o presidente George W. Bush assumiu ontem a responsabilidade pela invasão do país em 2003 com base em informações "erradas" de inteligência sobre a existência de armas de destruição em massa.
Foi o último e mais contundente discurso numa série de quatro para rebater críticos internos e angariar mais apoio perante uma queda de apoio à ação militar no Iraque. Bush disse que uma retirada precoce -demanda que classificou de "politicagem pura"- indicaria que os EUA são fracos, instáveis, lutam em vão e abandonam suas promessas.
"É verdade que muita informação de inteligência acabou se mostrando errada. Como presidente, sou responsável pela decisão de entrar no Iraque -e sou também responsável por consertar o que estava errado com reformas em nossas estruturas de inteligência", disse Bush ontem em Washington.
"Dado o histórico de Saddam e as lições do 11 de Setembro, minha decisão de remover Saddam Hussein foi a decisão certa. Saddam era uma ameaça, e o povo americano e o mundo estão em melhor posição porque ele não está mais no poder", completou.
O presidente disse que, apesar do progresso e do treinamento de tropas iraquianas, os EUA podem esperar mais violência e deverão fazer mais sacrifícios. "Não iremos nunca retroceder, não iremos nunca ceder e não iremos nunca aceitar nada além da vitória completa", disse, martelando o argumento de que a presença americana no Iraque impede ataques em solo americano.
Para fortalecer seu argumento, disse que a rede terrorista Al Qaeda aposta na retirada americana.
"Agora os terroristas acham que podem fazer os Estados Unidos fugirem do Iraque", disse, criticando gestões anteriores. "Só tem uma maneira de os terroristas vencerem: se nós perdermos a calma e abandonarmos um trabalho antes do fim. Isso não vai acontecer na minha ronda."
Chamou seus críticos de "irresponsáveis" e acusou os políticos de demagogia ao mudar de opinião sobre a guerra.
"Dizem que agimos por causa do petróleo, por causa de Israel ou que enganamos o povo americano. Alguns dos comentários mais irresponsáveis sobre manipulação de inteligência vieram de políticos que analisaram os mesmos dados que nós e votaram pelo uso da força contra Saddam Hussein", disse Bush.
Em seguida, repetiu um bordão republicano: "Essas acusações são politicagem pura. E ferem o moral de nossas tropas". Segundo ele, estabelecer um prazo de retirada é uma "receita para o desastre".
O democrata John Murtha, espécie de porta-voz em favor da retirada, voltou a criticar Bush depois do discurso. "Reconstruções nacionais não são função militar dos Estados Unidos. Eles não são bons nisso", disse, referindo-se à reconstrução do Iraque.


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