|
Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Na véspera, presidente assume responsabilidade pela decisão de invadir o país e sustenta que agiu corretamente
Bush admite "erros" da inteligência no Iraque
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Na véspera das eleições parlamentares no Iraque, o presidente
George W. Bush assumiu ontem a
responsabilidade pela invasão do
país em 2003 com base em informações "erradas" de inteligência
sobre a existência de armas de
destruição em massa.
Foi o último e mais contundente discurso numa série de quatro
para rebater críticos internos e
angariar mais apoio perante uma
queda de apoio à ação militar no
Iraque. Bush disse que uma retirada precoce -demanda que
classificou de "politicagem pura"- indicaria que os EUA são
fracos, instáveis, lutam em vão e
abandonam suas promessas.
"É verdade que muita informação de inteligência acabou se
mostrando errada. Como presidente, sou responsável pela decisão de entrar no Iraque -e sou
também responsável por consertar o que estava errado com reformas em nossas estruturas de inteligência", disse Bush ontem em
Washington.
"Dado o histórico de Saddam e
as lições do 11 de Setembro, minha decisão de remover Saddam
Hussein foi a decisão certa. Saddam era uma ameaça, e o povo
americano e o mundo estão em
melhor posição porque ele não está mais no poder", completou.
O presidente disse que, apesar
do progresso e do treinamento de
tropas iraquianas, os EUA podem
esperar mais violência e deverão
fazer mais sacrifícios. "Não iremos nunca retroceder, não iremos nunca ceder e não iremos
nunca aceitar nada além da vitória completa", disse, martelando
o argumento de que a presença
americana no Iraque impede ataques em solo americano.
Para fortalecer seu argumento,
disse que a rede terrorista Al Qaeda aposta na retirada americana.
"Agora os terroristas acham que
podem fazer os Estados Unidos
fugirem do Iraque", disse, criticando gestões anteriores. "Só tem
uma maneira de os terroristas
vencerem: se nós perdermos a
calma e abandonarmos um trabalho antes do fim. Isso não vai
acontecer na minha ronda."
Chamou seus críticos de "irresponsáveis" e acusou os políticos
de demagogia ao mudar de opinião sobre a guerra.
"Dizem que agimos por causa
do petróleo, por causa de Israel ou
que enganamos o povo americano. Alguns dos comentários mais
irresponsáveis sobre manipulação de inteligência vieram de políticos que analisaram os mesmos
dados que nós e votaram pelo uso
da força contra Saddam Hussein", disse Bush.
Em seguida, repetiu um bordão
republicano: "Essas acusações são
politicagem pura. E ferem o moral
de nossas tropas". Segundo ele,
estabelecer um prazo de retirada é
uma "receita para o desastre".
O democrata John Murtha, espécie de porta-voz em favor da retirada, voltou a criticar Bush depois do discurso. "Reconstruções
nacionais não são função militar
dos Estados Unidos. Eles não são
bons nisso", disse, referindo-se à
reconstrução do Iraque.
Próximo Texto: Frases Índice
|