São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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entrevista

Governo tem plano militar, diz governador

DA ENVIADA A SANTA CRUZ

O governador oposicionista do departamento de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, está convencido de que o governo tem um plano militar para conter as iniciativas das regiões governadas por opositores que preparam textos autonômicos à revelia de La Paz. À Folha, em uma conversa rápida no vôo que o levou de La Paz de volta a Cochabamba, Reyes, que é ex-militar, afirmou que há participação de militares venezuelanos na operação. Ele causou controvérsia recentemente ao instar seus ex-camaradas a serem "guardiães da soberania do país". Cochabamba não está entre os departamentos que reivindicam autonomia imediatamente, mas é das regiões mais disputadas entre governistas e oposicionistas. À força de Reyes na região se contrapõe a mobilização de partidários de Morales, principalmente na região cocaleira do Chapare.

 

FOLHA - Que evidências o senhor tem para afirmar que o governo tem um plano para militarizar os departamentos que querem a autonomia?
MANFRED REYES VILLA -
As evidências estão aí, nos diferentes departamentos que estão sendo militarizados. Não só por militares bolivianos, mas também por venezuelanos. Estamos vivendo essa ingerência... Em algumas partes de Tarija também.

FOLHA - O sr. está voltando de encontro com embaixadores da União Européia. Qual o assunto?
REYES -
Fui visitá-los para explicar mais uma vez que nós, os governadores, estamos apegados à lei, empenhados em uma saída pacífica, enquanto o governo alimenta a violência. O governo tem discursos que jogam mais lenha na fogueira. Estamos preocupados com a inconstitucionalidade das ações do governo. O país não vive em um Estado de Direito. O que eu pedi aos embaixadores é que nos ajudem a retornar a esse caminho.

FOLHA - O sr. apóia os estatutos autonômicos dos seus colegas oposicionistas. Esses textos, segundo a atual Constituição, também não estão previstos...
REYES -
Claro que eles estão dentro dos parâmetros legais! A única coisa que estão fazendo nesses departamentos é apresentar uma proposta. Por isso eu defendo que a única saída é a via das urnas [em referência ao referendo revogatório para governadores e presidente], e não a das ruas, com violência.
Mas o presidente não pode pôr obstáculos a isso. A regra tem de ser universal: 50% dos votos mais um, e não 54% como ele quer [o projeto de Morales prevê que sai do cargo quem tiver menor percentual de votos do que quando eleito]. O presidente tem medo de submeter-se porque sabe que o povo não gosta de violência.


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