São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Homem-bomba acidental gera caos entre palestinos

Em enterro, cidadão se explodiu em Gaza ao saltar de caminhão com granadas

Presidência da ANP achou que era atentado terrorista do grupo islâmico Hamas e decretou luto de três dias; o homem morreu e matou 2

DA REDAÇÃO

A explosão acidental de granadas durante um enterro matou três e acirrou ontem as tensões, em Gaza, entre palestinos simpatizantes do grupo laico Fatah e do grupo islâmico Hamas, que em junho assumiu o controle daquele território.
Horas antes, o Hamas havia seqüestrado um dos principais assessores da Autoridade Nacional Palestina, Omar al Ghoul, morador na Cisjordânia, mas que estava ontem em Gaza para o enterro da sogra.
O clima está bastante carregado. O Fatah teme para hoje atos de violência, já que o Hamas estará comemorando vinte anos de fundação.
O Fatah de início acreditou que as explosões no enterro -o morto era um dos três atingidos na véspera por míssil disparado de um helicóptero israelense- haviam sido provocadas pelos rivais do Hamas, dentro de um conflito inescrupuloso de ambos os lados.
Em Ramallah, na Cisjordânia, o gabinete do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, chegou a divulgar comunicado em que condenou "mais um assalto contra nosso povo" e anunciou luto oficial por três dias.
O Hamas, no entanto, insistiu não ter nada a ver com o incidente, que, além dos mortos, feriu 35 acompanhantes do enterro, entre eles uma dezena de crianças. Segundo o grupo islâmico, a explosão acidental havia sido provocada por um homem presente nos funerais.
A versão foi confirmada por testemunhas ouvidas pelas agências Associated Press e France Presse. Segundo elas, um homem subiu a um caminhão de som integrado ao cortejo. Em meio a slogans, num gesto de estúpida insolência, ele abriu o paletó para mostrar explosivos que trazia pendurados por alfinetes nos bolsos.

Pulo com granada
Ao pular de volta ao asfalto, as bombas explodiram devido ao impacto. Ele teve morte imediata e ainda matou dois outros que estavam próximos.
Ismail Haniyeh, primeiro-ministro do Hamas desde que seu partido se tornou majoritário no Parlamento palestino, mas que hoje apenas exerce sua autoridade em Gaza, disse que "nas últimas horas se desencadeou uma conspiração para espalhar o caos".
No caso do seqüestro de Ghoul os fatos são menos controvertidos. Um grupo armado de dez milicianos do Hamas irrompeu no final da madrugada na casa de seus familiares, onde ele estava hospedado. Prenderam-no e confiscaram dois computadores.
Ghoul é colunista de um jornal da Cisjordânia, onde escreve textos bastante críticos ao Hamas. É também assessor direto de Salam Fayyad, primeiro-ministro indicado por Abbas depois de, em represália contra a tomada de Gaza pelo Hamas, formar um governo só do Fatah sediado na cidade cisjordaniana de Ramallah.
O porta-voz do Ministério do Interior do Hamas Ehab al Ghsain negou ter ocorrido "seqüestro" e afirmou que o assessor foi preso para ser investigado "por violações da lei".
O ministro da Informação do Fatah, Riyad al Malki, pediu a imediata libertação dele. Outros militantes do Fatah menos importantes já foram presos pelo Hamas em Gaza.


Com agências internacionais


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