São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

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Assange consegue fiança, mas fica preso

Dono do WikiLeaks terá de pagar R$ 540 mil para aguardar em liberdade decisão sobre extradição para Suécia

Celebridades fazem festa com anúncio da soltura, mas sofrem nova decepção com ação da Promotoria sueca

Carl Cour/France Presse
Assange, em carro da polícia britânica, ao chegar para a audiência de ontem, em Londres

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Julian Assange, criador do WikiLeaks, continuará preso em Londres pelo menos até que a Corte de Apelações julgue um recurso impetrado pela Suécia contra sua liberdade. A decisão deve ser anunciada até amanhã.
Antes do recurso, a Justiça havia concordado ontem com a libertação de Assange com uma série de condições.
Que entregasse à Justiça 200 mil libras (R$ 540 mil) em dinheiro como garantia de que não fugiria. Que mais duas pessoas se responsabilizassem por sua permanência no país, sob pena de perderem 20 mil libras (R$ 54 mil) cada uma. Que obedecesse a um toque de recolher.
Mais: que se apresentasse à polícia todas as tardes. E que utilizasse um dispositivo eletrônico para monitorar todos os seus movimentos.
Mas tudo ficou pendente até a decisão da corte. Com isso, Assange foi levado de volta à prisão, no sul de Londres, onde está há oito dias.
"Não se trata de um processo legal, mas de perseguição", disse o advogado de Assange, Mark Stephens.
Assange é investigado na Suécia sob acusação de estuprar uma mulher e molestar sexualmente outra. O país quer que ele seja ouvido e pediu sua extradição. Ele nega os crimes e afirma que as relações foram consensuais.
Afirma também que a Suécia está sendo usada pelos EUA num processo de vingança por seu site ter divulgado documentos secretos da diplomacia americana.

CELEBRIDADES
O dia todo foi de expectativa para Assange e celebridades que foram até o fórum esperar pela decisão judicial.
Bianca Jagger, ex-mulher do Rolling Stone Mick Jagger, esteve lá. O escritor Tariq Ali também. O cineasta Michael Moore avisou que ajudaria a pagar a sua soltura.
Quando primeiro foi anunciado que ele seria liberado, houve celebração. O advogado disse então que só faltava juntar as 200 mil libras. "É uma pena que não possamos usar Visa ou Mastercard", afirmou, numa ironia contra as operadoras de cartão de crédito que suspenderam as operações com o WikiLeaks.
Depois veio a notícia do recurso. E nova decepção.
A mãe de Assange, Christine, disse que ele está preso em condições precárias, proibido de usar a internet e com restrição de visitas.
Por intermédio dela, ele divulgou nota. "Minhas convicções estão firmes. (...) Agora sabemos que Visa, Mastercard e PayPal são instrumentos da política externa americana. Peço ao mundo que proteja meu trabalho e o da minha gente desses ataques ilegais e imorais."
Ontem, foi anunciado que Assange foi eleito personalidade do ano em enquete do site da revista "Time".


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