São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

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ANÁLISE

Presidente terá estilo próprio de liderança

DA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

Ainda que pertença à mesma coalizão que governa o Chile há 16 anos, Michelle Bachelet irá imprimir uma marca própria de governo, em que pelo menos três temas serão prioritários: políticas sociais de amparo à infância, a reforma do sistema previdenciário e a reforma do sistema eleitoral binominal. Nos demais temas, espera-se que haja uma continuidade ao implementado pelo atual presidente, Ricardo Lagos.
Ela também irá imprimir um estilo próprio de liderança. "Bachelet tem um estilo diferente, um estilo mais participativo, de uma pessoa que tenta chegar perto das pessoas, o que não é demérito do estilo de Lagos, que é mais pessoal e mais forte", disse à Folha o senador Adolfo Zaldivar, chefe do comitê político de campanha de Bachelet. "Ela exerce uma liderança de mulher: cálida, mas atrativa e firme."
A reforma do sistema previdenciário, que Lagos não conseguiu impulsionar por falta de consenso político, é de fato um dos principais desafios da nova presidente. Privatizado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-90), o sistema atual chileno exclui cerca de 50% da força de trabalho ativa -pessoas subcontratadas ou com contratos temporários.
Outra grande pendência é a redução da desigualdade de renda, uma das mais injustas da região, apesar de o Chile registrar crescimento econômico consistente, em média anual de 6%.
Na esfera internacional, a tendência é de um estreitamento dos laços com os países vizinhos, sem abdicar do modelo de abertura econômica que rendeu ao país importantes acordos comerciais.
"Estritamente em termos de Mercosul, esse resultado não representa muito porque em termos comerciais há uma diferença alfandegária com o Chile importante, então ele não vai poder ser um membro pleno com uma tarifa externa comum", disse à Folha o argentino Carlos Alvarez, presidente da Comissão de Representantes do Mercosul.
"Mas sim em termos de integração produtiva, física, energética, dos temas vinculados à qualidade democrática, porque agora Michelle Bachelet, depois de um governo de sucesso de Lagos e iniciando um novo ciclo na história política do Chile, vai ter mais espaço para uma aproximação com a região", avaliou.

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