São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

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Socialista foi exilada durante ditadura chilena

ASSOCIATED PRESS

O caminho de Michelle Bachelet até a Presidência do Chile inclui desde uma prisão durante a ditadura e um exílio no leste da Alemanha até um cargo como primeira ministra da Defesa do país.
A vitória sobre o empresário Sebastián Piñera fez da pediatra socialista de 54 anos a primeira mulher a chegar à Presidência no Chile.
Seu sucesso político surpreendeu muitos chilenos que imaginavam que uma socialista divorciada e ex-prisioneira da ditadura de Augusto Pinochet não teria chance na sociedade conservadora do país.
Mas sua vida se mistura com o militarismo do Chile. O pai de Bachelet, Alberto, um general da Força Aérea, foi preso e torturado por se opor ao golpe que levou Pinochet ao poder, em 1973. Morreu de um ataque cardíaco na prisão.
Na época, estudante de medicina de 22 anos, Bachelet foi presa junto com sua mãe e forçada a um exílio de cinco anos, primeiro na Austrália, depois na Alemanha comunista. Ela conta que, junto com a mãe, foi psicologicamente torturada, mas afirma que não carrega rancor, pois entende politicamente o que aconteceu.
O presidente do Chile, Ricardo Lagos, a fez ministra da Saúde e, em 2002, ministra da Defesa. Foi premiada por ajudar a reconciliar civis com os militares.
Bachelet esperava resistência da elite conservadora do Chile -e não apenas por causa do seu passado. "Eu sou uma mulher, divorciada, socialista, agnóstica. Todos os pecados juntos." Ela foi casada com um chileno que conheceu durante o exílio na Alemanha. De volta ao Chile, eles se separaram, e ela teve um terceiro filho de um novo relacionamento.
Bachelet tornou-se uma figura popular entre os almirantes e generais. Ganhou da Força Aérea uma jaqueta de couro oficial com seu nome gravado e, como ministra da Defesa, devolvia a saudação militar com um sorriso e um beijo no rosto. A maior parte do país aceitou a candidatura de Bachelet, apesar de o seu sexo ainda levantar questões das quais ela não gosta. "Você não estaria fazendo essa pergunta se eu fosse um homem", respondeu ela a um jornalista chileno que perguntou se ela pretendia se casar novamente.
Mas ela respondeu: "A verdade é que eu não tive tempo para pensar nisso. Meus próximos quatro anos serão dedicados ao trabalho".

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