São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NEGACIONISMO

Teerã quer que Ocidente permita ocorrência de evento que examinará "provas científicas" do massacre de judeus

Irã realizará conferência sobre Holocausto

DA REDAÇÃO

O Irã disse ontem que realizará uma conferência para examinar as "provas científicas" da existência do Holocausto, ação que parece ser um novo passo na campanha do presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad contra Israel e deverá isolar ainda mais o país islâmico na cena global.
Ahmadinejad já classificou a morte de cerca de 6 milhões de judeus nas mãos dos nazistas na Segunda Guerra Mundial de "mito", além de dizer que o Estado de Israel deveria ser "apagado do mapa" ou mudar-se para a Europa.
Essas afirmações atraíram fortes críticas internacionais, e, na semana passada, Teerã fez crescer a preocupação internacional ao retomar o que chama de "pesquisas" em seu centro de enriquecimento de urânio de Natanz.
Hamid Reza Asefi, porta-voz da Chancelaria iraniana, não revelou em que cidade a conferência será realizada, nem quem estará presente ao evento, nem a razão por que o Irã resolveu bancar sua realização neste momento.
Durante uma entrevista coletiva ocorrida anteontem, Ahmadinejad exortou o Ocidente a ter a "mente aberta" e a permitir um debate internacional sobre o Holocausto. Asefi adotou ontem a mesma linha.
"Trata-se de um mundo muito estranho. É possível debater qualquer tema exceto o Holocausto. A Chancelaria iraniana planeja realizar uma conferência sobre os aspectos científicos da questão para discutir e revisar suas repercussões", afirmou Asefi.
No início do mês, a Associação de Jornalistas Muçulmanos, um grupo linha-dura, propôs a realização de uma conferência similar, mas Asefi disse que as duas iniciativas não têm relação entre si.
Israel e o Irã tinham boas relações até a Revolução Islâmica de 1979, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, que depôs o xá Reza Pahlavi. Israel apoiava o xá, o que, aparentemente, motivou Khomeini a chamar o Estado judaico de "Pequeno Satã".
O senador republicano americano Tom Lantos, sobrevivente ao Holocausto que nasceu em Budapeste, na Hungria, afirmou que a intenção do Irã é colocar em dúvida a existência do massacre dos judeus pelo nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Ahmadinejad tem adotado retórica similar à de Khomeini, aparentemente tentando reavivar o espírito da Revolução Islâmica no Irã, cuja população não é tradicionalmente anti-semita. Antes da revolução, cerca de 100 mil judeus viviam no país, mas por volta de 75% fugiram durante o levante.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Lagos sai com a popularidade elevada
Próximo Texto: Sanções causarão subida do preço do petróleo, diz Teerã
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.