São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morte de líder pode levar a fim da ofensiva antes da posse de Obama

DO ENVIADO A SDEROT

Said Siam, considerado o número três do Hamas na faixa de Gaza, já havia escapado de pelo menos quatro tentativas de assassinato do Exército de Israel nos últimos anos. Sua execução, embora articulada há muito tempo pelos serviços de segurança israelenses, faz parte do aumento da pressão militar sobre o Hamas, o que analistas estão interpretando como o último ato da ofensiva em Gaza.
Além dos progressos no Egito para a obtenção de um acordo de cessar-fogo, a contagem regressiva é apressada por um prazo que nenhum membro do governo comenta abertamente, mas que é constantemente lembrado pela imprensa israelense: a posse do novo presidente americano, Barack Obama, na próxima terça-feira.
Para os jornalistas que acompanham o dia-a-dia do gabinete israelenses, o vácuo político da transição foi aproveitado para acertar as contas com o Hamas, mas é bom que os canhões silenciem até o juramento de Obama. Ocorre que a lentidão das negociações no Egito pode atrasar esse cronograma e tornar inevitável uma posse na Casa Branca tendo a guerra como indesejável pano de fundo.
Alguns falam em pelo menos mais dez dias de confrontos. Os comandantes do Exército israelense têm dado sinais de que já alcançaram tudo o que podiam em Gaza sem ampliar significativamente a invasão, ou mesmo reocupar o coração da Cidade de Gaza, onde acreditam estarem escondidos os principais líderes do Hamas.
Mas isso implica no custoso e imprevisível prolongamento da guerra, o que às vésperas da eleição em Israel não é do interesse de dois dos principais candidatos, o ministro da Defesa, Ehud Barak, e a chanceler Tzipi Livni, os principais arquitetos da ofensiva em Gaza, ao lado do premiê Ehud Olmert.
A execução de Said Siam, que chefiava a segurança interna em Gaza, pode ter sido o sinal de vitória, ainda que modesto, que Israel buscava para o cessar-fogo. Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, disse, porém: "Alguns dos nossos líderes cairão, mas a bandeira da resistência não cairá". (MN)


Texto Anterior: Israel ataca edifício da ONU e hospital
Próximo Texto: Análise: Julgamento por crimes de guerra é difícil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.